quinta-feira, 31 de maio de 2007

Presos 3 dirigentes estudantis colombianos

Nas ações da ocupação feita a sangue e fogo pela Polícia Nacional no campus da Universidade de Cauca na madrugada de 31 de mayo, foram presos entre os 15 estudantes que se encontravam no "Claustro de Santo Domingo" três dirigentes da Associação Colombiana de Estudantes Universitários.

Jaime Muñoz, Alfredo Apréz e Alejandro Vega foram presos durante os obscuros feitos que, sob a ordem do presidente colombiano Álvaro Uribe, atentam novamente contra a autonomia universitária, o direito à manifestação e livre associação

Fazem apenas dois meses, Alejandro Vega, que atualmente é o representante dos estudantes no Conselho Acadêmico dessa Universidade, realizou uma viagem pela Europa participando do Festival Internacional dos Estudantes (ISFIT 07) na Noruega, onde chamou a atenção sobre a crise humanitária das universidades colombianas e alertava sobre a crescente mobilização que se organizava contra o chamado Plano Nacional de Desenvolvimento.

Hoje (31/05), Alejandro, vítima também das ameaças de grupos paramilitares juntamente com Jaime e Alfredo, igualmente que os outros 12 estudantes da Universidade de Cauca, foram vítimas da brutal agressão da polícia e permanecem detidos.

Fazemos um apelo aos amigos da democracia e defensores dos direitos humanos a nível nacional e internacional, para que se pronunciem sobre esta situação, exigindo a liberação imediata destes estudantes e que se mantenham atentos ao que possa se suceder no transcurso da semana com as demais universidades que se encontram em GREVE GERAL DE ESTUDANTES.


Associação Colombiana de Estudantes Universitários – ACEU


Organização Continental Latino-americana e Caribenha de Estudantes - OCLAE

Fonte: www.oclae.net

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Unidade da esquerda: nem sectarismo, nem conciliação


Por Ivan Pinheiro*

Desde o advento do primeiro governo Lula, a esquerda brasileira está dividida em dois blocos. De um lado, na base de sustentação do governo, PT, PcdoB, PSB, mais CUT, UNE e MST. De outro, PCB, PSOL e PSTU, formando com outras organizações uma frente de oposição de esquerda. No movimento social, desta frente surgiram a Conlutas, num primeiro momento, e a Intersindical, mais recentemente.

Todas essas forças políticas estavam unidas no enfrentamento ao governo FHC e apoiaram Lula, pelo menos no segundo turno de 2002. Com a posse deste, as divergências -- esmaecidas em razão da unidade na luta contra FHC -- passaram a fazer parte do cotidiano. Agora se tratava de governar!

A divergência fundamental entre estes dois blocos diz respeito ao caráter da revolução brasileira. Os que apóiam o governo Lula, e ainda se dizem socialistas, defendem uma etapa nacional-democrática, portanto em aliança com a "burguesia nacional", daí decorrendo a opção preferencial pela luta institucional.

Já a oposição de esquerda considera que o capitalismo brasileiro é plenamente desenvolvido e fundamentalmente associado ao grande capital internacional, razão pela qual a revolução brasileira tem hoje caráter socialista. No caso do PCB, isto não significa subestimar as lutas nacionais, democráticas e populares, embora sem considerá-las como uma etapa estanque, mas sim como parte da dialética do processo revolucionário.

A partir da reeleição de Lula, fica cada vez mais claro que se trata de um "novo" governo, mais conservador que o primeiro. Os indícios são muitos, entre os quais destacam-se:

- a enorme base de sustentação, centrada no PMDB e nos partidos conservadores;

- o definhamento da esquerda petista nas direções partidárias, nas bancadas e nos governos estaduais e municipais;

- o agravamento do fisiologismo, da cooptação e da corrupção;

- a retomada do calendário de contra-reformas neoliberais;

- o realinhamento da política externa para o "centro", aproximando-se do governo Bush e se afastando dos governos populares e progressistas da América Latina;

- o fetiche do crescimento a qualquer preço, mesmo que sacrificando direitos sociais e trabalhistas e o meio-ambiente;

- um viés autoritário, marcado pela tentativa de restrição ao direito de greve e pela criminalização de movimentos sociais.

A confiança das massas em Lula é tão grande que lhes deram uma segunda chance, perdoando todas suas vacilações e traições do primeiro mandato, debitadas generosamente na conta das dificuldades por não ter maioria e outras desculpas. Só que agora as massas começam a refletir sobre sua própria experiência. Com o início do processo de desilusão, reanima-se aos poucos o movimento de massas em nosso país.

É nesse quadro que se dá a possibilidade da recomposição da unidade de parte da esquerda brasileira. Pressionados no movimento social, perdendo espaço político, setores sindicais e populares da esquerda governista se aproximam da esquerda oposicionista, daí resultando atos amplos e unitários, como o Encontro Nacional Contra as Reformas, em 25 de março, em São Paulo, alguns atos do Primeiro de Maio e, mais recentemente, as manifestações do Dia Nacional de Luta, em 23 de maio.

A nosso ver, a esquerda oposicionista deve-se comportar com relação a esta tendência de forma equilibrada, pensando grande e longe, ou seja, privilegiando os interesses táticos e estratégicos do proletariado e dos trabalhadores em geral.

Isto significa, em primeiro lugar, reconhecer que é positivo que setores governistas de esquerda se afastem do governo e retornem às lutas populares. Tanto para derrotarmos a agenda de contra-reformas como para a construção do bloco histórico, na perspectiva do socialismo. Sendo assim, devemos tratar esses setores sem sectarismo, respeitando o ritmo e as limitações de cada um. Sem ilusões. Primeiro, porque não são todos os setores da esquerda governista que farão esta inflexão. Segundo, porque alguns deles podem estar fazendo apenas uma manobra tática, para não perderem entidades de massa e/ou se cacifarem na base de sustentação do governo.

Mas também não podemos cair no outro extremo, no outro erro, tão grave quanto o sectarismo: a conciliação. Não podemos fazer de conta que as divergências acabaram. A unidade se faz com luta. Respeitar as limitações não significa aceitar manipulações ou vacilações que, ao invés de ajudar, atrapalham a luta de classe.

É óbvio que cada lado tem que flexibilizar suas posições, sob pena de inviabilizar a unidade de ação. Por exemplo, se os governistas não podem (ainda) aceitar um ato de oposição ao governo, mas podem participar de um ato apenas contra a política econômica, podemos aceitar que este seja o eixo, mesmo sabendo que não existe um "governo bom, com uma política econômica ruim" e que a política econômica não era "do Palocci", como não é "do Meireles", mas do Presidente Lula. Portanto, podemos participar de um ato conjunto na porta do Ministério da Fazenda, mas desde que ali cada um faça o seu discurso com liberdade e que todos se respeitem.

Para dar outro exemplo, a esquerda oposicionista pode e deve participar da campanha pela "anulação do leilão de privatização da Vale do Rio Doce", hoje hegemonizada por importantes setores de esquerda, que adotam uma postura de independência com relação ao governo Lula. Mas não podemos abrir mão de deixar claras algumas questões a respeito:

- o centro da luta deve ser a mobilização para exigir a convocação de um PLEBISCITO POPULAR pela anulação do leilão da Vale, mas deixando claro que o objetivo da anulação é a REESTATIZAÇÃO da empresa, para colocá-la a serviço dos interesses populares e não os do capital.

- a argumentação central não pode ser que o preço pago no leilão foi baixo; nem o espaço principal da luta pode ser a via judicial. São dois erros, que podem levar a justiça a legitimar o leilão ou a marcar outro ou, ainda, a condenar o consórcio vencedor a pagar uma indenização, para compensar o baixo preço!

- a privatização da Vale foi um ato político, que assumiu também uma forma jurídica. A luta, portanto, deve ser eminentemente política. Deixar a anulação daquele ato político apenas nas mãos da justiça, além da ilusão de classe e dos riscos apontados, significa isentar o governo Lula e o Congresso Nacional da crítica pela omissão e cumplicidade com relação às privatizações da era FHC.

- além do mais, não podemos deixar de lado a luta pelo fim dos leilões da Petrobrás, iniciados por FHC e mantidos por Lula.

Finalmente, ainda sobre o tema da ampliação da unidade, mesmo estimulando-a, em nome dos interesses da classe, não podemos abrir mão da construção e fortalecimento da frente da esquerda oposicionista, até porque as divergências de fundo com a esquerda governista não desapareceram. E a principal delas, como se disse aqui, são as ilusões num projeto nacional-desenvolvimentista e na democracia burguesa.

* Secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fonte: www.pcb.org.br

terça-feira, 29 de maio de 2007

Ocupação da Reitoria da USP

Nota pública sobre a reunião de negociação com o governo do estado de São Paulo de 28 de maio de 2007

Nós, do movimento estudantil da Universidade de São Paulo, em processo de negociação com o governo do Estado de São Paulo, onde estavam presentes representantes da Adusp e do Sintusp, viemos a público manifestar nossa posição a respeito da reunião de negociação realizada ontem, 28 de maio de 2007, com o Secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luis Antonio Marrey.

Em primeiro lugar, no nosso entendimento, ao contrário do que foi veiculado na mídia, não é verdade que a reunião de negociação terminou em impasse. O que houve foi que o movimento estudantil, conforme combinado na última reunião de negociação, levou sua interpretação dos decretos do governador Serra e, a partir dela, apresentou uma proposta clara ao governo do Estado, qual seja, a revogação dos decretos 51.460/07; 51.461/07; 51.471/07; 51. 636/07; 51.660/07 que, segundo o entendimento do movimento, ferem a autonomia universitária das Universidades Estaduais Paulistas, garantida por lei, além de estarem em claro conflito com a Constituição Federal e Estadual. Após a apresentação da nossa proposta, esperávamos ouvir a contraproposta do governo do Estado. O secretário disse, então, que o governo não está disposto a revogar os decretos – que se o movimento quisesse, poderia entrar na justiça contra o Estado – mas que estava disposto a reescrever parte dos decretos. A pergunta do movimento foi, então, o que o governo do Estado de São Paulo está disposto a mudar nos decretos. O movimento estudantil espera ouvir, na próxima reunião de negociação, a contraproposta do governo à sua proposta, apresentada claramente ontem.

Também colocamos a necessidade de mais verbas para educação, discutindo os sucessivos vetos ao aumento do repasse do ICMS às três universidades estaduais e o aumento da vinculação de 30 para 31% da receita estadual para educação. O secretário então respondeu que não tinha “nada a declarar” sobre este assunto.

Outro aspecto controverso é quanto a suposta exigência de desocupação da reitoria da USP para o prosseguimento das negociações. O Secretário foi explícito ao afirmar que a continuidade das negociações não estava condicionada à desocupação da reitoria da USP, embora entendesse que o processo de negociação seria mais tranqüilo se a reitoria fosse desocupada. O movimento estudantil da Universidade de São Paulo vai avaliar, nos seus fóruns apropriados, qual o impacto da manutenção da ocupação da reitoria da USP para as negociações, mas entende que o Governo do Estado de São Paulo não condicionou a continuidade das negociações à desocupação e, por isso, estranhamos a declaração dada pelo secretário, após a reunião, de que a desocupação seria condição “sine qua no” para a continuidade das negociações. O movimento entende que saímos de lá com outra reunião agendada, independentemente da decisão sobre a manutenção da ocupação e reitera a necessidade de coerência de ambas as partes para que a negociação chegue a bom termo.

Por fim, o movimento reitera publicamente o intuito de prosseguir negociando suas pautas específicas com a reitora da Universidade de São Paulo, Suely Vilela, e esclarece que não o fez ontem, na reunião de negociação com o Estado de São Paulo, por entender que configuraria ataque à autonomia universitária negociar os problemas específicos da USP na frente do governo do Estado, como se fosse ele um mediador apropriado. A Reitora, quando convidada pelos estudantes se voltaria à mesa de negociações, afirmou que aceitaria voltar a conversar. O movimento estudantil reitera que a reitoria da Universidade de São Paulo é a única interlocutora legítima para negociar assuntos internos à universidade.

Fonte: http://ocupacaousp.noblogs.org/



Os 14 pontos da pauta de reivindicações da ocupação (clique aqui)

Moção de Apoio do Fórum de Unidade dos Comunistas (clique aqui)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Jornal da FOE ao 50º CONUNE

UM PASSO à FRENTE!

Jornal da FOE ao 50º CONUNE

“Um passo à frente e você já não está mais no mesmo lugar” Chico Science



Um passo à frente no movimento estudantil: autonomia, democracia e combatividade!

Acreditamos no movimento estudantil de resistência, de ampliação dos debates, de combatividade e de democracia. Não concordamos com os rumos que a UNE vem tomando! Queremos construir um movimento estudantil amplo, que organize as lutas necessárias contra a situação caótica da educação brasileira e contra todo tipo de opressão, tal como o machismo, racismo, homofobia e ao meio ambiente. Nossas bandeiras levam em conta a profunda marginalização d@s jovens no Brasil no campo e nas periferias e favelas, sob o tráfico de drogas, as milícias e a violência policial cotidiana. Combatemos o monopólio midiático, cuja maior expressão é a Globo, criada pela Ditadura Militar, que com sua ofensiva ideológica criminaliza os pobres e os movimentos sociais.

Chegamos ao 50º Congresso da UNE, maior fórum de deliberação do Movimento Estudantil brasileiro. Nós, da FOE (Frente de Oposição de Esquerda) na UNE, propomos avaliar o quadro da educação, situando-a no contexto dos governos mais recentes e nas lutas e mobilizações do movimento social, para apresentarmos nossas alternativas a este cenário. Eis o nosso convite: um passo à frente pra sair do imobilismo!

Fora Bush do Iraque e Lula do Haiti! Abaixo o neoliberalismo!

Nas últimas décadas, grandes mudanças ocorreram no mundo para garantir ampliação dos lucros no capitalismo, consolidadas a partir do advento ao neoliberalismo. Esses “novos tempos” são marcados pelo aprofundamento da exploração do meio ambiente e a intensificação de todas as formas de opressão sobre os trabalhadores e a juventude. Além disso, a escalada da violência, representada pelas intervenções militares no Oriente Médio e no Haiti, pela construção de bases militares em diversos países, pela corrida armamentista nuclear e pela repressão aos movimentos sociais, expõe um cenário em que a vida humana está sob ameaça constante.

O imperialismo é representado pelo governo Bush e suas "articulações" com governos de diversos países para acordos econômicos e militares, e a intervenção econômica de organismos internacionais como FMI e Banco Mundial, que aprofunda o quadro da dependência econômica dos países periféricos (latino-americanos, africanos, etc).

É preciso resistir!

Ao mesmo tempo, em vários continentes, há exemplos que retomam os processos de mobilizações e enfrentamento à selvageria da ordem mundial capitalista. Nos EUA cresce o movimento contra a Guerra do Iraque e, cada vez mais, Bush vê sua popularidade despencar. Essas manifestações “anti-guerra” têm se expressado em mobilizações no mundo todo. Podemos citar outras lutas importantes: as mobilizações de 2 milhões de pessoas contra a precarização do trabalho jovem na França, a luta indígena e popular no México (Chiapas e Oaxaca) e o significativo fortalecimento dos trabalhadores na Venezuela e Bolívia, com o início da reversão das privatizações do petróleo, gás, comunicações, educação e saúde.

As intenções perigosas do Governo Lula

No Brasil, ainda que a eleição de Lula em 2002 tenha significado o acúmulo das lutas e o descontentamento com o modelo neoliberal, a política para composição do superávit e pagamento da dívida externa no Brasil se mostrou mais eficiente que as próprias metas dos organismos neoliberais internacionais. Os movimentos sociais que apostaram no governo foram frustrados pelo não-atendimento de suas reivindicações e pela retirada de direitos promovida por Lula. Um bom exemplo é o MST e a luta pela Reforma Agrária.

Reeleito sob a errada simbologia do "menos pior", Lula mostra a que veio já no começo do segundo mandato: reúne-se com Bush para firmar acordos de exploração humana e ambiental no campo, para produção e exportação de Etanol (como alternativa estratégica à crise do petróleo), reprime o movimento grevista (um bom exemplo é a greve dos controladores de vôo, que o presidente chama de "traidores da pátria"), encaminha a segunda rodada do desmonte da previdência pública (propondo a ampliação do tempo de serviço para aposentadoria), apresenta reformas trabalhistas (que ameaça o salário mínimo, a licença maternidade e as férias remuneradas!) e sindical (repressão ao direito de greve e à autonomia das organizações sindicais).

Por fim, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é o carro-chefe da ilusória possibilidade de conciliar o lucro capitalista com os interesses dos trabalhadores. Ele nada mais é que o incentivo a grandes empreiteiras, setores de exportação e rentistas, com a esperança de que a burguesia nacional e os "investidores internacionais" promovam o crescimento. Quem financia são os trabalhadores, com o arrocho salarial e o dinheiro do seu FGTS. Há ainda a política compensatória que está muito longe de resolver as profundas desigualdades sociais, a exemplo da bolsa família, pois não garantem empregos e direitos sociais.

É preciso derrotar o neoliberalismo no Brasil e no mundo: nas mentes, corações e nas ruas!

No último dia 25 de março, mais de 5.000 ativistas sindicais, estudantes, movimentos populares, MST, Pastoral Operária e outras organizações se reuniram no Encontro Nacional Contra as Reformas. Ele preparou o enfrentamento às reformas neoliberais do Governo Lula (sindical, trabalhista, da previdência e universitária), a luta em defesa da Reforma Agrária e Urbana e a campanha pela reestatização da Cia. Vale do Rio Doce. Foi importante a presença do MST, que possibilitou organizar atos unitários no dia 17 de abril (11 anos do dia do massacre de trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás), com paralisações das Universidades, fábricas, do funcionalismo público e ocupações de terra em todo o Brasil! Outras lutas virão em maio; uma caravana a Brasília, em agosto; e o Plebiscito da reestatização da Vale, em setembro.

Algumas mobilizações importantes já aparecem no cenário nacional: a greve dos controladores de vôo; as greves dos trabalhadores rodoviários em vários Estados; as paralisações da Policia Federal; as recentes mobilizações estudantis pelo passe livre, a exemplo do Rio de Janeiro, com mais de 6 mil presentes; os protestos universitários contra as condições precárias das universidades públicas e contra os Decretos de José Serra, governador de SP, que ferem a autonomia universitária...

Em defesa da educação pública!

Durante a década de 1990, os longos anos de FHC foram responsáveis por acelerar o processo de privatização da educação, através da massificação do ensino superior pago e do sucateamento da educação pública Só não foram capazes de destruir por completo a Universidade pública graças às grandes mobilizações, cujo ápice foi a greve unificada das Universidades Federais, em 2001 e o Boicote ao Provão – avaliação dos estudantes que servia na verdade para que os donos das IES privadas aumentassem a mensalidade dos cursos “bem avaliados”.

No mesmo sentido, em 1997 o movimento de educação – estudantes, professores, trabalhadores, etc. - formulou o Plano Nacional de Educação, projeto que expressou um importante contraponto ao projeto neoliberalizante colocado. O cerne do plano era transformar a educação brasileira através de investimentos maciços nas escolas públicas em todos os níveis – não só na Universidade. Em 10 anos, o Estado deveria investir 10% do PIB nessa área. Hoje, 10 anos depois, não se aplica nem metade disso. Em 2001, o PNE foi aprovado pelo Congresso Nacional com modificações (entre elas a redução para 7% do PIB de investimento na educação) e, ainda assim, vetado por FHC nos pontos mais avançados, especialmente no que indicava ampliação do financiamento.

E a educação do Governo Lula?

O Governo Lula, já em seu primeiro mandato, não só manteve os vetos ao PNE de FHC, como negou aos movimentos sociais e aos trabalhadores uma posição de enfrentamento à privatização do ensino e a inclusão massiva da população na educação de qualidade. No caso das Universidades, Lula manteve a cartilha de seu antecessor e encaminhou uma série de medidas não populares que fez conhecer por “Reforma Universitária”.

A Reforma Universitária do Governo Lula caminha no sentido de regulamentar o sucateamento e privatização da educação superior, além de estabelecer recorte de classe no acesso às instituições de ensino superior: para os pobres, “escolões”, sem pesquisa e extensão, e, em geral, particular e/ou à distância; para os ricos, os centros de excelência, aos quais só tem acesso quem consegue pagar mensalidade ou quem passa no apertado funil do vestibular.

O exemplo mais significativo é a mudança da concepção de educação: de direito de todos e dever do Estado (presente na Constituição de 1988) para bem público: público mas não necessariamente estatal. Nesta mudança, expressa no Projeto de Lei (PL) 7.200/06 - apresentado pelo Governo e que aguarda votação no Congresso Nacional ainda este ano - fica clara a intenção de legitimar o avanço da mercantilização da educação no Brasil.

Vale citar outros pontos importantes do PL: legaliza os cursos pagos oferecidos pelas universidades públicas na forma de cursos de extensão e de especialização; permite às universidades públicas cobrar mensalidade nos cursos seqüenciais; legaliza a os centros universitários e faculdades como concebidos por FHC, ou seja, como "fábricas de diplomas" sem pesquisa nem extensão; regulamenta o baixo investimento público no ensino superior público; abre 30% de participação de capital estrangeiro nas escolas pagas.

Sob o atual governo, as verbas públicas destinadas à educação têm diminuído sensivelmente. A educação recebe um percentual das receitas de impostos garantido na Constituição; mas esse montante é cortado anualmente em até 20% pelo governo federal por meio da DRU – Desvinculação de Recursos da União – usado para pagar partes da eterna dívida externa brasileira.

A Reforma Universitária do Governo Lula – medidas já aprovadas:

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Lei No. 10.861/04): Cria um sistema avaliativo que iguala as instituições particulares públicas e as julga (e o financiamento, no caso de públicas) por critérios produtivistas e meritocráticos. Institui o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), que pouco difere do antigo “Provão”, mantendo o estudante no centro da avaliação das instituições.

ProUNI – Programa Universidade para Todos (Lei No. 11.096/05): isenta IES particulares de impostos e troca de bolsas integrais e parciais distribuídas para estudantes de baixa renda. Em suma, socorre as particulares de seus problemas de inadimplência em vez de promover uma democratização do acesso por vagas públicas casadas com cotas. Cálculo feito pela Andifes revela que o dinheiro não arrecadado com as isenções do ProUNI poderia abrir 1 milhão de vagas, se investido na educação superior pública. Além disso, o governo Lula deu continuidade ao FIES, programa de financiamento que só reverte benefícios para o setor privado, resultando em grandes encargos para os estudantes depois de formado.

Lei de Inovação Tecnológica (Lei nº.10.973/04) e PPPs (Lei nº. 11.079/04): legalizam os convênios de pesquisa das instituições de pesquisa públicas, inclusive permitindo uso de espaços públicos e dedicação de pesquisadores e funcionários. Garante sigilo de pesquisa, entre outros benefícios ao setor privado.

Decreto de Fundações (nº. 5.205/04): regulamenta e consolida o funcionamento das Fundações de direito privado que atuam no “apoio” às universidades. Por meio delas, ingressam verbas privadas, há falta de transparência na gestão e permite-se a contratação de trabalhadores em condições precárias (como por terceirização). É um brutal ataque à autonomia da pesquisa, o que faz com que empresas que investem em Etanol, por exemplo, possam ter mais peso na Universidade que a produção de conhecimento não nociva ao meio ambiente e pensada para um país que execute a Reforma Agrária.

Expansão de vagas e criação de Universidades: o Governo faz propaganda da criação de novas Universidades, sendo que muitas são reorganizações de campi ou unidades de outras universidades. As novas IES de fato nasceram somente com salas de aula e com modelo de ciclo básico que contorna a falta de verbas e de profissionais da educação. Além disso, a expansão de vagas tem sido feita através da criação de cursos seqüenciais (formação aligeirada, para obtenção de diploma, sem articular a pesquisa, o ensino e a extensão e que pode paga, mesmo nas Universidades públicas) e graduações inteiras à distância através do EaD.

As "novas" medidas de uma velha política

Atualmente, entra em debate o projeto decreto “Universidade Nova”, que modifica a estrutura da graduação, ao estabelecer um ciclo básico unificado, chamado de bacharelados interdisciplinar e, depois, as especializações, criando um funil profissional dentro das universidades. Assim, o projeto visa aumentar o acesso à educação superior sem ampliar as verbas destinadas à educação. Dessa forma, acaba por ampliar a distância entre os “centros de excelência” e o “segundo escalão”. Acirra-se também o processo de competição entre os alunos nos três anos do ciclo básico e a profissionalização será feita apenas após nova seleção e novo funil, favorecendo o ensino privado, através de cursinhos “pós-ciclo básico”. É também preocupante o grande número de futuros “bacharéis com formação geral”, arremessados no mercado de trabalho, servindo de mão de obra barata, em contratos precários.

BOX: Boicote ao Enade em 2007!

Parte integrante do Sinaes, o Enade é a prova que o Governo institui para avaliação dos estudantes do ensino superior público e pago. Ela não leva em conta as regionalidades (se orienta por um modelo pedagógico único), é obrigatória e punitiva - o não comparecimento acarreta em retenção do diploma e a nota baixa na prova em perda do FIES. Além disso, a mesma prova é aplicada para estudantes ingressantes e formandos. O Enade e o “Provão”, de FHC, possuem muita identidade no papel que cumprem: considerando o Sinaes como um todo, a falta de democracia e a baixa relevância dada a outros mecanismos (como as Comissões Próprias de Avaliação, CPAs), o Enade se coloca como o principal critério levado em conta pelo governo, não superando a lógica do ranqueamento entre as escolas para avaliar sua qualidade.

Desde sua implementação, em 2004, o Fórum de Executivas e Federações de Curso constrói a campanha nacional de boicote ao Enade e em 2007 não será diferente. Queremos avaliar a educação para mostrar a realidade de sucateamento e exigir qualidade, não para privatizá-la ainda mais! É preciso construir um amplo movimento que debata na base, com professores, estudantes e funcionários, a importância do boicote como forma de exigir uma avaliação de verdade, democraticamente construída e não punitiva.

A realidade das pagas: criminalização dos inadimplentes, repressão ao movimento estudantil, falta de democracia e dívidas eternas!

No Brasil, as Instituições de Ensino Superior (IES) privadas existem sob o argumento de que a educação pública é incapaz de absorver toda a demanda de vagas, além de ser uma concessão pública e funcionar supostamente com respeito a padrões mínimos de qualidade. Toda precariedade do ensino público contraditoriamente é sentida pelo estudante do ensino pago de forma incrivelmente maior, pois existe um quadro em que a maior parte dos estudantes do ensino pago não tem condições financeiras para se manter ativa (são trabalhadores, desempregados e filhos de trabalhadores).

O senso comum afirma que a mensalidade serviria como forma de manutenção e qualidade da educação. Acontece que para o dono dessa empresa o interesse final não é a formação, mas o lucro. Dessa forma, o salário dos professores e técnicos é mais baixo e existe enorme instabilidade no emprego (dadas as sucessivas crises de demissões em massas nessas instituições). Além disso, o estudante fica mais preocupado em “passar” pela matéria do que ter uma experiência formativa, pois cada reprovação implica em pagar um semestre extra da disciplina. Aqueles que se “aventuram” a organizar uma participação política na Universidade são imediatamente rastreados pela direção da Instituição e coagidos a manter “boas relações”, ou seja, não organizar movimento.

Àqueles que não podem pagar as cada vez mais elevadas mensalidades, sobra a política de crédito (conhecida por FIES), que nada mais é que parcelar a dívida e pagar por anos depois de concluído o curso. E, na prática, se faz uma dívida com objetivo de qualificação para o mercado que não se consegue pagar mesmo depois de formado por conta do alto nível de desemprego entre os jovens no Brasil.

É preciso organizar um movimento comum entre os estudantes das públicas e pagas, a mobilização por redução de mensalidade, participação democrática nos órgão deliberativos, eleição direta para Direção e Reitoria, abertura de planilhas, pelo direito de livre organização estudantil e contra a punição dos inadimplentes é fundamental para resgatar nosso horizonte comum de educação como direito!

Movimento de Educação em luta! Vamos barrar a Reforma Universitária!

A luta dos estudantes nesses últimos anos possui uma trajetória de aparelhamento da UNE por sua direção majoritária e perda de referencial da entidade em bandeiras importantes. Exemplo disso é que, durante o Governo Lula, não foram poucos os setores do movimento que, em início criticaram as medidas (Prouni, Lei de Inovação Tecnológica, etc,) e aos poucos passaram a defender a política, para fortalecer uma posição de defesa do governo.

Nós, da Frente de Oposição de Esquerda, somos contra a Reforma Universitária do Governo Lula. Isso não significa dizer que somos contra os estudantes bolsistas do Prouni, ou do EAD, por exemplo, que são medidas da Reforma. Saímos em defesa desses estudantes, da precariedade com que cursam o ensino superior (seja pela má qualidade, seja pela falta de assistência estudantil). Nos colocamos na contramão das medidas por que somos contra a idéia de inclusão social através do benefício individual ou da competição. Educação é um direito para todos e todas!

No final de 2006, tivemos uma grande vitória, que foi a unidade na criação da Frente de Luta contra a Reforma Universitária. Essa articulação aglutina entidades e setores que lutam contra a Reforma (inclusive os que hoje não reconhecem a UNE) com o intuito de fazer oposição ao Governo e barrar o processo em curso como um todo. A Frente realizou, dia 26 de março, em São Paulo, a Plenária Nacional contra a Reforma Universitária e em Defesa da Educação Pública. Com cerca de 1200 estudantes e trabalhadores da educação, essa plenária aprovou um calendário unificado, em sintonia com a luta contra todas as reformas neoliberais. Além disso, comitês locais estão sendo construídos para que o debate possa ser feito em cada escola. Só vamos barrar essa Reforma Universitária mobilizados e conscientes de que a educação superior pública, de qualidade e universal não é uma utopia. É urgente!

UNE 70 anos: quem constrói essa história?

Ao completar 70 anos, a UNE encontra-se muito distante de seu passado de luta. Durante a sua história, a entidade impulsionou grandes debates e mobilizações como as campanhas “O petróleo é nosso”, “Diretas já!” e o “Fora FHC”. Atualmente, a entidade caracteriza-se pela falta de democracia e burocratização de seus fóruns, pela perca de sua autonomia em relação às reitorias, partidos e governos, com destaque ao governo Lula e na contramão da luta em defesa da educação pública e contra a mercantilização do ensino. Essa política é construída e aplicada pela sua direção majoritária (UJS e aliados).

Um dos principais debates do Congresso da UNE será a Reforma Universitária. E a posição da entidade de defender o projeto que está na Câmara denuncia a sua política de atrelamento ao governo federal. Desde 2004, a UNE defende no movimento estudantil as medidas da Reforma do governo Lula. Mesmo com todas as críticas de setores importantes do movimento social de educação, a UNE defendeu o envio imediato da Reforma ao Congresso Nacional, através do Projeto de Lei. E agora a entidade irá “lutar pela sua aprovação”, adotando uma política de legitimar o projeto do governo nos movimentos sociais. Mesmo com as emendas da UNE, o caráter privatista do PL não será alterado.

Essa defesa da Reforma destrói toda a luta histórica dos movimentos sociais ligados à educação. A direção majoritária impõe ao movimento um programa que rebaixa bandeiras históricas do ME como, por exemplo, políticas sólidas de assistência estudantil e mais verbas/mais vagas para as universidades públicas.

Precisamos trabalhar em conjunto e travar o diálogo da necessidade de buscar alternativas a esses problemas que tanto apontamos. Participamos dos fóruns da UNE – Encontro de Mulheres Estudantes, Seminário de Avaliação Institucional, Bienal - mostrando nossas diferenças e apontando as contradições do movimento estudantil burocratizado que impera na UNE que barra a democratização de seus fóruns. É nesse sentido, por exemplo, que repudiamos a parceria entre a direção majoritária da UNE e a Rede Globo – um dos maiores monopólios de comunicação do mundo, criado durante a ditadura militar – para resgatar a “memória do movimento estudantil”!

É fundamental superarmos o atual momento da UNE, construindo uma plataforma comum e iniciativas unitárias que envolvam o movimento estudantil em mobilizações e lutas, e que proporcionem vitórias e acúmulo rumo a transformações mais profundas!

Assinam:

A HORA É ESSA

CONTRAPONTO

DOMÍNIO PÚBLICO

NÓS NÃO VAMOS PAGAR NADA

REBELE-SE

ROMPER O DIA

TRAVESSIA

terça-feira, 22 de maio de 2007

Jornada de Lutas do dia 23 de maio

O movimento sindical, popular e estudantil convoca os/as trabalhadores/as e o povo a lutar:

- Contra a Reforma da Previdência, contra toda reforma que retire direitos - não à emenda 3
- Por emprego, salário digno, reforma agrária e moradia, contra a política econômica e o pagamento das dívidas interna/externa
- Em defesa do direito de greve e contra a criminalização dos movimentos sociais

Nós, lutadores e lutadoras do movimento popular, convocamos toda a sociedade para uma grande jornada de lutas, dia 23 de maio de 2007, contra essa política econômica e o superavit primário, pelo não pagamento das dívidas externa/interna e por uma auditoria dessas dívidas, bem como contra qualquer tipo de reforma que traga prejuízos à classe trabalhadora e à soberania do país.

Vamos nos manifestar contra a política econômica do governo federal, que enriquece banqueiros e grandes empresários, estrangula qualquer possibilidade de investimentos em políticas sociais, mantendo a perversa concentração de renda. Vamos nos manifestar contra a retirada de direitos trabalhistas e contra a reforma previdenciária apresentada, pois é inadmissível reduzir nossas conquistas históricas.

Lutamos para libertar o Brasil do domínio imperialista que impõe o agronegócio, que destrói a natureza e compromete a capacidade de produção de alimentos para o povo. Nos irmanamos a todos os povos latino-americanos em defesa da independência e da soberania de nossos países. nos manifestamos pela retirada das tropas do Haiti e contra a invasão do Iraque pelos EUA.

Estamos nas ruas por mais direitos para o povo:

. Reforma Agrária
. Emprego para todos, redução da jornada de trabalho sem redução de salários
. Em defesa do direito irrestrito de greve, contra a criminalização dos movimentos sociais
. Em defesa do serviço publico : educação e saúde pública, gratuita e de qualidade para todos/as
. Direito de moradia digna para todos
. Em defesa do meio ambiente, contra a destruição da Amazônia
. Valorização do salário mínimo e das aposentadorias
. Contra a autonomia do banco central
. Contra todas as formas de discriminação e opressão racial, homofóbica e sexista
. Pela anulação do leilão da privatização da vale do rio doce
. Energia com tarifa social
. Pela democratização dos meios de comunicação
. Em defesa dos lutadores e lutadoras do movimento sindical e popular, pela reintegração imediata de todos dirigente sindicais, a exemplo dos companheiros do metrô de São Paulo, e pela imediata libertação dos presos políticos.

Assinam:

CUT, Conlutas, Intersindical, MST, UNE, CMS, Assembleia Popular, UBES, Via Campesina, Marcha Mundial de Mulheres, Pastorais Sociais, CONAM, ANPG

Veja mais no site da INTERSINDICAL

quinta-feira, 10 de maio de 2007

2o Caravana da UBES pelo país

Começa a segunda Caravana da UBES pelo país. A primeira circulada aconteceu em março, levantando o debate em escolas de cinco estados e culminando com o Dia Nacional de Luta pelo Passe Estudantil, no dia 22 daquele mês.

Desta vez, a caravana voltará aos lugares visitados e ainda percorrerá outras regiões, totalizando 21 cidades, de 11 estados diferentes, durante 34 dias de viagem. A palavra de ordem, mais uma vez é: "O Futuro do País pede Passagem".

Confira notícias no blog da Caravana aqui.

Veja quando a caravana passará por sua cidade:

18/05: Guarulhos
21/05: Feira de Santana
22/05: Salvador
23/05: Camaçari e Lauro de Freitas
24/05: Aracaju e Aruã
25/05: Maceió e Palmeira dos Índíos
28/05: Recife e Cabo
29/05: Olinda
30/05: João Pessoa
31/05: Natal
01/06: Fortaleza e Maracanaú
04/06: Brasília
05/06: Goiânia
06/06: Belo Horizonte e Betim
11/06: Contagem
12/06: Juiz de Fora
13/06: Rio de Janeiro
14/06: Niterói e Seropédica
15/06: Nova Iguaçu
18/06: São Paulo e Suzano
19/06: Itaquá
20/06: Campinas

terça-feira, 1 de maio de 2007

Viva o 1o de Maio de luta

O Partido Comunista BrasileiroPCB – vem a público, neste primeiro de maio, dia internacional de luta, saudar os milhões de trabalhadores de todo o mundo. Saudamos especialmente os lutadores sociais, os ativistas e militantes políticos que, mesmo em condições adversas, buscam construir melhores condições de vida para a população, conquistar melhores salários e condições de trabalho, lutam para organizar os trabalhadores nas fábricas, nos bancos, nos escritórios, no comércio, nos bairros e no campo na perspectiva de uma nova vida, um mundo socialista. Saudamos os ativistas da juventude, que buscam organizar os jovens trabalhadores e os estudantes das escolas secundárias, das escolas técnicas e das universidades, procurando difundir a chama da rebeldia e da luta por um mundo melhor.

O capitalismo, hoje globalizado, introduz cada vez mais avanços tecnológicos na produção e elimina postos de trabalho e, em todo o mundo, aumentam os ganhos dos capitalistas com a especulação financeira. Com o apoio de governos neoliberais, a classe capitalista reforça os ataques às conquistas dos trabalhadores e ao patrimônio dos Estados, para “liberar as amarras” do capital e, assim, poder auferir mais e mais lucros.

Os trabalhadores brasileiros vivem hoje um momento complexo e difícil. O segundo mandato de Lula apresenta um perfil mais conservador que o primeiro, como demonstram as alianças feitas com os setores mais reacionários da política e da sociedade, como os latifundiários e os especuladores financeiros; Lula mantém e aprofunda a política neoliberal, expressa na subordinação ao capital especulativo – ao transferir, anualmente, cerca de 160 bilhões de reais do orçamento nacional para os cofres do sistema financeiro nacional e internacional, e nas tentativas de emplacar as contra-reformas da Previdência e Sindical, se apresenta como aliado de Bush nos planos econômico – buscando transformar o Brasil num imenso canavial terceirizado dos Estados Unidos, e político – buscando se transformar num contraponto aos governos progressistas da América Latina, como os da Bolívia e da Venezuela; Lula ataca a organização dos trabalhadores, como prova a postura reacionária que teve contra a greve dos controladores de vôo.

As forças populares ainda estão fragmentadas e enfraquecidas em meio à ofensiva do grande capital e do governo Lula; a maioria da população ainda acredita nas intenções propaladas pelo governo, não completou sua experiência de vida com os efeitos das políticas neoliberais, como a pobreza generalizada, o aumento da violência nas grandes cidades, a precarização das relações de trabalho, o desemprego e a perda de direitos e garantias sociais, como a aposentadoria e o acesso gratuito à saúde e, por isso, não despertou, ainda, para a necessidade de lutar abertamente contra estas políticas e contra a classe capitalista que está no poder e que delas se beneficia.

Mas as coisas começam a mudar. Uma série de iniciativas dos trabalhadores, como o Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, que reuniu 6 mil trabalhadores no dia 25 de março, em São Paulo, e as jornadas unitárias de Primeiro de Maio, organizadas, em todo o país, por diversas entidades sindicais e de luta social e diversos partidos políticos de esquerda – indicam que já está e curso a retomada da unidade dos trabalhadores no plano social e político. Inicia-se, assim a construção um programa estratégico por um conjunto de forças políticas capaz de romper o ciclo hegemônico da burguesia.

Neste primeiro de maio, que pela primeira vez, nos últimos tempos, será comemorado com luta e com a unificação do sindicalismo classista, envolvendo a Intersindical, a Conlutas, o PCB, o PSTU, o PSOL, e outras entidades e partidos políticos combativos e de esquerda, e em honra aos mártires de Chicago, os comunistas se comprometem a realizar todos os esforços no sentido de lutar pela unidade dos trabalhadores, pela unidade da esquerda e pela construção de um bloco de forças para construir, desde já, um novo País, uma nova sociedade justa e igualitária, a sociedade socialista.

Nenhum Direito a Menos!

Por mais conquistas para a Classe Trabalhadora!

Contra as Reformas Trabalhista, Sindical e da Previdência!

Pela Reforma Agrária!

Viva o Primeiro de Maio!

Viva o Socialismo!



Comissão Política Nacional do PCB