sábado, 25 de novembro de 2006

Esquerda conquista vitória na DCE da UFRGS

Entre os dias 21 e 23 de novembro ocorreram às eleições para o DCE da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Após uma tentativa de golpe da direita, a vitória ficou com a chapa da esquerda, “Instinto Coletivo”, que obteve 2.306 votos.

A chapa 1, “Instinto Coletivo”, reunia independentes e militantes da UJC, da JA (Prestistas), da Refundação Comunista, do MES/PSOL, da CONLUTE e da Consulta Popular. A direita estava na chapa 2, “DCE Livre”, que reunia o PP, PMDB, PFL, PDT e PTB e obteve 1.072 votos. “Consciência e Atitude”, chapa 3, reunia os setores governistas da Kizomba (DS/PT), do MPT e da UJS e teve 1.092 votos.

Ao final da eleição, a chapa 2 entrou com uma liminar na Justiça impedindo a apuração dos votos, com a alegação de irregularidades no pleito. A tentativa de golpe não funcionou, e a comissão eleitoral iniciou a contagem dos votos que deu a vitória a chapa 1.

Governistas ganham na USP e na UERJ

Os setores governistas foram os grandes vitoriosos nas eleições para os DCE’s da USP e da UERJ. Uma característica em comum nas duas vitórias foi a ausência do debate da Reforma nas chapas governistas.

Na USP, a eleição ocorreu nos dias 22, 23 e 24 de novembro e contou com 8.538 votos. A chapa governista “Camarão que dorme a onda leva” que reunia militantes da UJS, Kizomba, Multirão (MR-8) e a direita “Adeus Lênin” conseguiu 3.099 votos.

Infelizmente, a esquerda saiu em duas chapas: “Carandá” e “De Malungo para Malungo”. A primeira reunia independentes e militantes da UJC e da Contraponto, e ficou em segundo lugar com 2.657 votos. “De Malungo para Malungo” ficou em 4° lugar com 984 votos e reunia independentes e militantes do Romper o dia e Rosa do Povo. Por estatuto, a composição do DCE é majoritária.

No Rio, a chapa governista ganhou com 40% dos votos contra 31% da chapa da esquerda, “Se tá frio esquenta, se tá fora entra”. A chapa “Se tá frio...” reunia independentes e militantes da UJC, do Enlace e do CSOL (ambos do PSOL). A UJS, a JSB e o MPT estavam na chapa governista que usou o mesmo nome da chapa da USP. No plebiscito, a proporcionalidade venceu por 54%.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Resoluções do 49º Congresso da UNE (2005)

CONJUNTURA NACIONAL:

* Denúncia da política guerreira dos EUA; Fora as tropas imperialistas do Iraque! Viva o levante do povo iraquiano!
* Pela autodeterminação dos povos; contra a ingerência imperialista dos EUA e aliados em países que buscam um
caminho próprio, como Cuba e Venezuela;
* Participação ativa nas manifestações contra a globalização neoliberal (em particular nas visitas de Bush na América Latina);
* Contra a implementação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA);
* Abaixo o "Plano Colômbia"! Pelo fim da presença militar dos EUA na América Latina!
* Autonomia e independência da UNE face ao Governo Lula;
* Não à renovação dos acordos com o FMI!
* Não à autonomia do Banco Central!
* Defesa da soberania nacional; pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia, proporcionando nossa soberania sobre essa área estratégica e também a de nossos vizinhos na Amazônia legal;
* Por uma política econômica a serviço do desenvolvimento econômico e social!; fim da política de aperto fiscal; estimular a poupança interna criando novas alternativas e fugindo da exclusividade da taxa de juros, já que novas alternativas viáveis precisam ser criadas. Nenhum país cresce sem desenvolvimento.
* Defesa das empresas estatais; contra novas privatizações de empresas estatais; auditoria e reestatização das empresas estatais estratégicas;
* Defesa das reformas agrária e urbana; todo apoio aos trabalhadores sem terra e aos movimentos comunitário e de trabalhadores sem-teto;
* Por campanhas que conscientizem os estudantes, com linguagem simples e informal trazendo até o convívio acadêmico esclarecimentos sobre benefícios que a reforma agrária trará para a sociedade. Mostrar o quanto a reforma é uma luta "urbana" e não só rural. Por uma reforma agrária anti-latifundiária que dê não apenas terras mas também oportunidades, conscientizando para o uso sustentável e fornecendo suporte ao desenvolvimento da produção;
* Participação na luta pela liberdade do conhecimento e da comunicação;
* Produção para o mercado interno; exportar somente o excedente, pois estão usando nosso país, poluindo o mesmo e os empresários não querem vender para o mercado interno pois nós não pagamos em dólar;
* Apoio à greve dos servidores públicos;
* Que a UNE abranja o movimento estudantil em todos as universidades do Brasil, apoiando todos os estudantes e motivando-os através da conscientização na luta pela melhoria no ensino superior; que a UNE busque parceiros com outros movimentos estudantis, que a UNE seja dos estudantes e para os estudantes;
* Suspensão imediata da dívida externa e interna.
*Maior investimento em educação e saúde.
*Todo apoio a luta do povo palestino!
* Todo apoio às mobilizações populares!
* Todo apoio ao levante do povo boliviano!

Nacional - Vivemos hoje um dos momentos políticos mais difíceis e turbulentos na história recente de nosso país. Aproveitando-se das denúncias de corrupção envolvendo parlamentares, órgãos públicos e ocupantes de cargos no Governo Federal, os políticos conservadores, a grande mídia e o poder econômico trabalham freneticamente visando as eleições de 2006. Através de uma ação corrosiva, buscam sabotar, dividir e desmoralizar as forças progressistas. O que eles querem é imobilizar e enquadrar o Governo Lula, obstruindo o avanço da agenda de mudanças aprovada nas urnas em 2002. Pensamos que todas as denúncias sobre corrupção precisam ser investigadas a fundo, e os corruptos devem ser punidos. Esse processo deve começar pelos inúmeros escândalos surgidos durante o Governo neoliberal de FHC, que passou seus últimos anos mergulhado até o pescoço em escândalos de corrupção que envolviam BILHÕES de reais. Ao longo dos sucessivos governos das elites conservadoras, a corrupção incrustrou-se na máquina estatal brasileira. Para combater esse mal que tomou conta da administração pública são necessárias medidas estruturais, como uma reforma política democrática que, impedindo mecanismos como a cláusula de barreira, fortaleça os partidos e amplie a participação do povo nas decisões do país. O Governo Lula vem tomando, desde o início, medidas de combate à corrupção. Não somos ingênuos e nos recusamos a aceitar a pressão da oposição conservadora, que quer montar palanque e antecipar a disputa eleitoral do ano que vem. Eles querem ver o circo pegando fogo, o país paralisado. Enquanto isso vão tramando seus planos para voltar ao poder em 2006, fazendo o país regressar à agenda neoliberal de submissão do país e destruição das conquistas sociais. Mas temos absoluta clareza de que o Governo precisa intensificar a política de combate à corrupção, e isso passa pela averiguação imediata e transparente das acusações envolvendo Henrique Meirelles e pela demissão de Romero Jucá.

Ao contrário daqueles que trabalham para "enquadrar" o Governo Lula em uma agenda conservadora – acreditamos que neste momento é preciso "dobrar a aposta" nas mudanças, através de medidas que abram caminho para um novo modelo econômico. É preciso baixar os juros de maneira firme, consistente e responsável, introduzir mecanismos de controle seletivo dos capitais que entram a saem do Brasil e diminuir o superávit primário – possibilitando assim mais investimentos sociais e em infra-estrutura. Além disso, o Governo Lula tem que reconsiderar a presença de alguns agentes que atuam na área econômica. Para implementar uma política econômica a serviço do desenvolvimento também será necessário reunir apoio político e social para por fim à ofensiva dos círculos dominantes. Nesse sentido é necessário construir uma nova e sólida maioria política e social com base em uma política programática de alianças que inclua a esquerda, os setores progressistas, os patriotas, o setor produtivo nacional, as entidades reunidas em torno da Coordenação dos Movimentos Sociais e todos aqueles que estão dispostos a cerrar fileiras contra o neoliberalismo, ampliando e fortalecendo, cada vez mais, o programa de mudanças aprovado nas urnas em 2002, e isolando as elites conservadoras e sua gritaria falsamente moralista. E essa nova maioria política e social só vai ser efetivada ser houver também a construção de uma outra lógica de governabilidade, não mais somente baseada em acordos no Congresso Nacional, mas sim em mecanismos de participação popular que empoderem de fato o povo brasileiro das decisões políticas, tais como o orçamento participativo nacional (OP-BR).


UNIVERSIDADE:

* Lutar pelo ensino público, gratuito e de qualidade em todos os níveis;
* Fortalecimento da universidade pública com ampliação continuada de investimentos públicos; deve-se defender no
Congresso ou em qualquer meio de protesto a educação, pois a partir da educação se consegue vários melhoramentos no meio social, científico e outros. Fazer projetos de incentivo a educação e apoio às universidades públicas (federais e estaduais) para que estas não sejam mais sucateadas; pressionar o governo para o término de obras em universidades públicas.
* Autonomia didático-pedagógica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial somente para as instituições universitárias comprometidas com o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Contra qualquer proposta de autonomia financeira;
* Ampliação de vagas no ensino presencial das públicas com garantia de qualidade, tendo como meta elevar a participação dessas instituições a no mínimo 40% das vagas no ensino superior;
* Ampliação de vagas nos cursos noturnos das universidades públicas;
* Combate à evasão escolar; implementação imediata de um programa de assistência estudantil, com rubrica específica no orçamento das universidades; assistência estudantil não só para os alunos das faculdades de capitais, como também do interior;
* Fim de todo e qualquer curso pago em instituições de ensino superior públicas; contra as terceirizações e a cobrança de taxas e mensalidades no ensino superior público;
* Liberdade de organização estudantil, com concessão de sede e espaços físicos para as entidades e garantia de livre acesso e circulação aos dirigentes de DA’s, CA’s, DCE’s, UEEs e UNE;
* Adoção de sistemática de editais que condicione a abertura de novos cursos às necessidades sociais e demandas regionais;
* Ampliação e reajuste de bolsas PIBIC e PET; pagamento regular das bolsas PET aos alunos e também aos professores;
* Ampliação de investimentos para os Hospitais Universitários; contra o PL 025/2002 do ex-senador Geraldo Althoff (PFL-SC), conhecido como "ato médico", proposta de lei que centraliza nos graduados em Medicina e retira dos profissionais de outras áreas da saúde a competência técnica e legal para prescrever tratamentos;
* Que a UNE estabeleça contato com o MEC solicitando uma delegacia do mesmo na cidade de Manaus;
* Ampliação de vagas nas universidades, viabilizando o ingresso e também a permanência dos mesmos;
* Verba pública só para os serviços públicos;
* Melhorias na base da educação;
* Não à privatização das universidades e sim ao caráter público do ensino superior;
* Lutar por mais qualidade de ensino nas universidades;
* Aumentar o número de faculdades públicas, aumentando assim seus campos descentralizados;
* Inclusão no ensino público de matérias tais como: filosofia, sociologia e política;
* Diminuição do valor de livros usados nos cursos superiores;
* Proibição de demissão de professores e funcionários por perseguição política nas particulares;
* Por uma reforma geral no ensino, principalmente nas bases do ensino fundamental, pois o que adianta uma reforma universitária se as pessoas chegarem na universidade sem ter uma base eficiente para que essa universidade seja bem utilizada;
* Repúdio ao governo do estado da Bahia, que retirou o investimento das universidades levando os mesmos à greve. Moção de apoio aos DCEs das quatros Estaduais que estão lutando pra salvar suas universidades;
* Por uma maior interatividade entre as universidades, proporcionando assim uma complementação no ensino e em possíveis reivindicações diretas nas instituições.
* Fim dos cursos de pós-graduação - mestrado, doutorado e especialização - realizados em períodos curtos, ou seja, finais de semanas (especialização) ou em menos de 2 anos (mestrado e doutorado). Acabar com cursos de graduação onde as aulas sejam pelo modo modular e com duração de 2 a 3 anos. Criar em cada estado campi universitários preparados em todos os sentidos em pós-graduação (especialização, mestrados e doutorados) nas redes públicas.
*Ampliação da participação de todos setores que convivem, estudando ou trabalhando, na instituição de ensino superior privado, o que significaria uma democratização bem como uma transparência nas contas e tributos da instituição; desse modo, a evasão fiscal e falta de pagamentos de encargos trabalhistas seriam combatidas com êxito;
* Defesa intransigente da transparência na gestão financeira e democrática das pagas.
* Por uma política de emprego para graduados e pós-graduados.
* Criar uma disciplina sobre a cultura negra para ser ministrada no ensino fundamental e médio;
* Maior participação do aluno na sala de aula, não somente em relação a suas dúvidas correntes da aula como também ao direito de dar sua opinião relativa ao sistema de cobrança ou, avaliações de conhecimento, mas também a maneira da relação aluno-professor e professor-aluno;
* Fiscalizar periodicamente o ensino privado pelo MEC sem aviso prévio. Fiscalizar a qualidade de ensino e se há perseguição por parte administrativa das universidades privadas em cima do movimento estudantil e professores que estão brigando por um ensino de qualidade; havendo tais irregularidades a entidade fiscalizadora tem que multar e essa verba ser voltada para melhorias nas universidades públicas.
* Melhoria no acervo das bibliotecas;
* Garantia dos 25% de recursos do orçamento que devem existir para todas as áreas do ensino, estadual e municipal;
* Queda dos vetos ao PNE feitos no Governo FHC;
* Pelo desenvolvimento centrado no homem com respeito e valorização das culturas;
* Mais livros atualizados, laboratórios de informática e investimentos em projetos de extensão universitária;
*Ampliar o debate sobre reforma universitária a todas as correntes sociais para fortalecer a luta;
* Reciclagem dos professores oferecendo cursos de pós-graduação pagos pela instituição;
* Garantir intercâmbio dos alunos das nossas escolas e universidades com outros centros universitários internacionais;
* Criação de mais bolsas de estudos para cursos de aperfeiçoamento em centros mais avançados.
* Por políticas e projetos das Universidades que venham a voltar os olhos principalmente para os cursos de licenciatura para a implementação de resgate cultural e história da cultura negra nas escolas de ensino médio e fundamental;
* Lutar para ampliação de creches para universidades públicas (federais e estaduais) e pagas;
* Por uma reforma real do ensino superior, que só virá com a mudança das políticas econômicas do Estado, investindo maiores quantias na educação;
* Remuneração digna para os profissionais de educação;
* Mais investimentos na educação básica;
* Ampliação dos investimentos em biotecnologia e necessidade de contratação por concurso público;
* Mais financiamento público nos projetos de pesquisa e extensão;
* Pela federalização das universidades comunitárias;
* Isenção das taxas de inscrição no vestibular para alunos oriundos de escolas publicas;
* Criação de um fundo nacional de alimentos para estudantes do ensino superior em todos os turnos, a exemplo do fundo federal de merenda escolar do ensino fundamental;
* Construção de muitas outras universidades públicas federais e estaduais de qualidade;
* Estabelecer que 20% das audições no ensino superior sejam destinadas a atividades sociais praticadas na comunidade; descentralização dos centros de pesquisa no Brasil em direção à Amazônia, ao Nordeste e ao Centro-Oeste;
* Criação definitiva do RU (Restaurante Universitário), nas instituições de ensino superior federal, estadual e CEFET, gratuitamente com café, almoço e jantar;
* Criação de uma biblioteca completa, renovada e atualizada com quantidades suficientes para atender à demanda universitária, tanto para consulta quanto à empréstimos;
* Não às privatizações das instituições públicas federais ou estaduais, e que sejam sempre públicas;
* Por uma campanha em prol da formação cultural nos ensinos fundamental e médio.

A universidade é peça fundamental para a construção de uma nação democrática, soberana e socialmente justa. Defendemos uma universidade crítica, competente, aberta a todos, democrática e comprometida com um projeto de desenvolvimento nacional. Para alcançar essa Nova Universidade, os estudantes e a comunidade acadêmica devem intensificar a luta por mudanças de fundo, estruturais e de largo alcance. Estamos diante da possibilidade histórica de construir uma nova universidade. A segunda versão do Anteprojeto de Reforma da Educação Superior do MEC, mesmo recuando em relação a pontos importantes – em particular no que diz respeito ao controle sobre as mantenedoras das instituições particulares de ensino e outros itens relacionados ao ensino privado – garante importantes conquistas para o ensino superior público em pontos como autonomia e financiamento. A nova versão do anteprojeto prevê a troca das dívidas de Estados e Municípios por investimentos em educação. Também as reivindicações da UNE relacionadas à assistência estudantil foram incorporadas, com a destinação de 5% das verbas de custeio das instituições federais para esse rubrica. Agora, mais que nunca, vai ser necessário fazer muita pressão contra os tubarões de ensino pra que a melhor proposta possível seja entregue ao Congresso. Como antes, a Reforma segue em disputa. Vai ser necessária muita mobilização pra garantir no Congresso a aprovação das reivindicações históricas dos estudantes. Os empresários do setor têm grande influência no Congresso Nacional e já estão em campo buscando votos para barrar a Reforma. Daí a importância de ampliar as mobilizações e a presença dos estudantes nas ruas.

Essa grande mobilização tem como ponto de partida a construção da Conferência Nacional de Educação Superior pela UNE em conjunto com a FASUBRA, CNTE, CONTEE, CUT, MST, MMM, entre outros setores do movimento social já em agosto e que culmine com uma grande marcha a Brasília no dia 11 de agosto, dia do estudante. Assim, estaremos iniciando o semestre decisivo da disputa pela Reforma Universitária com uma grande ação de massas que demonstre para a sociedade, para o governo e para o Congresso Nacional que os estudantes e os movimentos sociais tem o seu projeto de universidade e não vão deixar de lutar enquanto este projeto não for efetivado.

- Reserva de 50% das vagas – por curso e por turno – nas universidades públicas para estudantes oriundos de escolas públicas, considerando-se, dentro desse percentual, a política de quotas para negros e indígenas, conforme a realidade de cada região e segundo dados do IBGE;
- Gestão democrática de fato na Universidade Pública, com paridade nas eleições para reitor e nos órgãos colegiados, orçamento participativo nas universidades e fim das fundações privadas.
- Regulamentação do ensino privado com controle social sobre a qualidade da educação e os valores das mensalidades; por uma nova legislação de mensalidades que impeça a expulsão de alunos inadimplentes e exija, em caso de reajuste dos valores, negociação com a representação estudantil, além da comprovação de execução contábil da planilha de custo do ano anterior;
- Garantir a ampliação das verbas para educação de um ano para o outro até atingir 7% do PIB em 10 anos;

MOVIMENTO ESTUDANTIL:

* Realização do 8º Encontro de Jovens Cientistas e do 1º Salão de Iniciação Científica da UNE; continuidade da luta pelo reajuste das bolsas de IC; apoio à organização dos estudantes do programa PET;
* Maior diversificação dos instrumentos de comunicação da UNE, com a criação de boletins eletrônicos, listas de discussão na internet e a produção de materiais para veiculação nas rádios e TV’s universitárias e comunitárias; ampliação da tiragem e melhoria da distribuição da revista Movimento; aprimoramento do portal Estudantenet e retorno do jornal Mural;
* Realização de calouradas educativas orientadas nacionalmente pela UNE, com debates e atividades culturais;
* Derrubada imediata da MP 2208/01; pela autonomia do movimento estudantil na responsabilidade pela emissão das Carteiras de Identificação Estudantil;
* Participação destacada no 16 Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes na Venezuela, em agosto de 2005;
* Realização de novo Encontro de Mulheres da UNE;
* Promoção de um seminário ou encontro para debater a questão da livre orientação sexual;
* Criação de um espaço de discussões sobre as questões ambientais (ocupação sustentada da Amazônia, Protocolo de Kioto, etc), privilegiando-se em um primeiro momento o debate sobre a transposição do Rio São Francisco, com a finalidade de formar uma opinião do movimento estudantil sobre o assunto.
* Que a UNE crie um mecanismo permanente de acompanhamento das propostas que são encaminhadas ao Congresso Nacional, observando de forma atenta a todas e intervindo em várias que venham a ferir os interesses dos estudantes;
* Apoio à luta dos estudantes em Florianópolis, Uberlândia e Natal pelo passe livre e contra o aumento de tarifas;
* Ampliação do diálogo entre a UNE e suas bases acerca de todos os assuntos conjunturais da política nacional antes de um posicionamento oficial por esta instituição;
* Contra a divisão da UNE pelo CONLUTE; que a UNE assuma publicamente o combate à divisão!
* Criação de uma lista de discussão aberta da UNE. Inclusão de uma lista de CAs e DAs com contatos no site da UNE. Divulgação da diretoria da UNE (plena e executiva) no site da UNE. Publicação de um caderno com as resoluções do 49° Congresso.
* Mais transparência nas atuações da UNE em todos seus aspectos.
* Ampliar o movimento, envolvendo os estudantes que estão fora do movimento estudantil.
* Apoio aos DAs e CAs das universidades do interior do país.
* Apoiar os projetos feitos nos cursos, juntamente com os CA´S.
* Criar um grupo de discussão na Internet com participação dos CA´S, DA´S e DCE´S, para facilitar a comunicação com as entidades base.
* Boletim eletrônico da UNE, onde escreveriam os diretores da UNE, CA´S, DCE´S, executivas, federações, além de estudantes que queiram colaborar, tornando a troca de informação dinâmica.
* Descentralizar as decisões sobre questões menores dos movimentos estudantis, fortalecendo a autonomia dos movimentos locais;
* Fortalecimento da democratização da cultura para todos os segmentos produtores como hip-hop e capoeira.
* Por uma avaliação crítica sobre a Ordem dos Músicos do Brasil, revendo sua participação como entidade representativa dos profissionais da Música, e os benefícios que esta entidade realiza em defesa da música e sua relação com a sociedade como um todo;
* Que a UNE realize uma campanha de fomento à produção cultural independente nas universidades;
* Participação do M.E. no Zumbi 10.
* Que a Une em 2006 promova caravanas que tinha como objetivo discutir a igualdade racial, diversidade sexual e a emancipação das mulheres e possa levar para dentro dos escolas publicas e particulares a discussão sobre esses temas;
* Que em todas as lutas do movimento estudantil possamos acrescentar as questões de gênero, raça / etnias, diversidade sexual e geração;
* Apoio à criação da secretária de GLBTT da UNE;
* Inserção da UNE na campanha pela descriminalização do aborto; promoção de debates nacionais esclarecendo o que é a criminalização e descriminalização do aborto com parcerias como e rede latino-americana de mulheres;
* Realizar campanhas nacionais contra a violência contra mulheres, crianças e adolescentes;
* Que a UNE se atenha a seu verdadeiro papel primordial, que é lutar pelos interesses, direitos e necessidades dos estudantes, e que esteja sempre mais presente em todos os estados, possuindo uma base expandida e resolucional em cada estado com o objetivo de ouvir e assistir os problemas por que passam os estudantes, evitando desta forma o descaso.
* Maior divulgação a respeito dos Congressos da UNE por parte da própria UNE e com colaboração das UEE´s, a fim de que o processo eleitoral dos delegados seja o mais democrático possível, de conhecimento de todos; pela não-separação das delegações por tese de apoio, de forma a proporcionar a todos os delegados o conhecimento das demais teses e debates sobre o assunto; maior espaço para perguntas dos estudantes depois dos convidados dos debates exporem suas idéias;
* Estabelecimento de um prazo de até 20 dias após o Congresso da UNE para que as chapas indiquem os seus membros para os cargos da diretoria, visando a rapidez do registro das atas;
* Que o Congresso designe como sub-sede da UNE a sede da União Estadual dos Estudantes de Goiás, situada na Avenida Universitária nº 1533, em Goiânia;
* Que o Congresso delegue à diretoria da UNE a adequação do Estatuto da entidade às exigências do novo Código Civil;

O momento de turbulência política por que passa nosso país fez crescer ainda mais a responsabilidade do movimento estudantil. Neste novo momento vai ser necessário combinar a luta contra as elites conservadoras com as mobilizações por mudanças especialmente na política econômica, que trava o desenvolvimento nacional. No próximo período a mobilização e a união de todos serão elementos fundamentais. Vamos precisar de um movimento ainda mais combativo, unido e unitário, independente e organizado em aliança com os demais movimentos sociais. É nossa tarefa, a partir da experiência da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) – da qual participam UNE, UBES, CUT , MST e outras entidades –, constituir um amplo movimento popular que sustente nas ruas as mudanças.

Acreditamos também que é possível e necessário construir um movimento cada vez mais democrático, plural e participativo. Mas, pra que o movimento seja mais democrático, a participação deve se dar através de fóruns cada vez melhores. A qualificação dos espaços de debate é decisiva para que as ações sejam mais eficazes.
Nesse sentido, é preciso repensar os fóruns do movimento estudantil, a começar pelo próprio Congresso da UNE. O atual modelo foi elaborado há quase 20 anos. De lá pra cá o número de estudantes universitários cresceu muito. Os critérios para o Congresso ficaram na prática ultrapassados e têm dificultado o debate democrático. Por isso a UNE de nossos dias precisa passar por um processo estatuinte que debata novos critérios para a participação no Congresso. Defendemos também:

- Realização da 5º Bienal da UNE; ampliação dos CUCA`s;
- Derrubada imediata da MP 2208/01; pela autonomia do movimento estudantil na responsabilidade pela emissão das Carteiras de Identificação Estudantil;
- Realização dos Jogos Universitários Brasileiros (JUB’s) em parceria com a CBDU e o Ministério do Esporte, e envolvendo Atléticas, Federações, Executiva Nacional e CA’s de Educação Física;
- Continuidade do Projeto Memória do Movimento Estudantil;
- Ampliação do Projeto Rondon como parte de uma política nacional de extensão universitária; criação de núcleos de extensão nas públicas e nas particulares com concessão de bolsas.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE:

* Defesa incondicional dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS: Universalidade, Integralidade, Equidade, Descentralização e Participação Social.
* Extinção da Desvinculação das Receitas da União (DRU).
* Regulamentação conjunta das profissões da saúde, após amplo debate envolvendo a sociedade, com definição de competências compartilhadas e próprias de cada profissão, respeitando o princípio da integralidade do SUS.
* Ampliação do Controle Social, através da criação de Conselhos Locais de Saúde (Conselhos Gestores) em todas as unidades de saúde próprias e conveniadas ao SUS, com composição paritária de usuários, caráter deliberativo e efetiva participação dos movimentos sociais.
* Regulamentação da Emenda Constitucional 29, além da garantia da ampliação do financiamento da saúde.
* Ampliação do debate sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salários no SUS (PCCS-SUS) em todas as esferas de governo.
* Cumprimento da deliberação do Conselho Nacional de Saúde - CNS "contrária à terceirização da gerência e da gestão de serviços e de pessoal do setor saúde, assim como da administração gerenciada de ações e serviços, a exemplo das Organizações Sociais (OS), das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) ou outros mecanismos com objetivo idêntico".
* Proibição da propaganda de medicamentos e da indústria farmacêutica.
* Ampliação da rede estatal de laboratórios oficiais.
* Destinação de 100% dos leitos de Hospitais Universitários e de Ensino públicos para o SUS.
* Contra a abertura indiscriminada de novas escolas na área da saúde. Pela abertura de cursos, priorizando as instituições públicas, apenas após comprovação da necessidade social. O Conselho Nacional de Saúde deve ter poder deliberativo em conjunto com o Conselho Nacional de Educação para a abertura de novos cursos de saúde.
* Defesa da Residência Multiprofissional de Saúde.
* Defesa do Passe-livre para todos os pacientes do SUS em tratamento
* Ampliação das equipes multiprofissionais de saúde como estratégia de concretização da integralidade.
* A favor a aprovação do Projeto de Lei da Responsabilidade Sanitária, que garantirá a aplicação de recursos mínimos em ações e serviços de saúde nas três esferas de governo, responsabilizando os gestores caso não haja cumprimento das metas.
* Promover o debate a respeito das Diretrizes Curriculares dos cursos de saúde, para a implementação de currículos que efetivem a integralidade em saúde e a formação de profissionais para o SUS;
* Contra a implantação de Exame de Ordem em todos os cursos de graduação da área de saúde, pois tal Exame apenas reforça a desresponsabilização das instituições formadoras com a qualidade do ensino, contribui para a precarização do trabalho, é punitivo para o estudante e atende a interesses de mercado. Pelo aprofundamento do debate sobre Exame de Ordem junto à sociedade;

TECNOLOGIA E LIBERDADE DO CONHECIMENTO:

* Criação de uma diretoria de inclusão digital na UNE;
* Pela adoção do software livre em todas as universidades;
* Apoio público ao projeto PC conectado com instalação exclusivamente de software livre;
* Que a UNE não compactue com o combate às fotocopiadoras nas universidades e defenda o livre acesso ao conhecimento;
* Estudantes são fortemente dependentes de conhecimentos e de informações, cientificas ou não, pela própria natureza da atividade discente acadêmica. Em vista disso os estudantes não podem ficar a mercê de eventuais detentores dos direitos autorais das informações e do conhecimento. Portanto, como bandeira do movimento estudantil defendemos a coletivização dos bens imateriais (conhecimento, informação, arte, software, etc) a serviço da humanidade, e não como propriedade de mera corporação monopolista, de editoras, de multinacionais fonográficas, etc;
* Amplo licenciamento de conteúdos em livros, CD’s, vídeos, DVD’s, em copyleft, garantido liberdades fundamentais (entre elas as cópias irrestritas);
* Pelo uso de software livre nos cursos de computação;
* Reformar as universidades públicas federais e estaduais em todos os sentidos no que tange a: salas de aula, equipar os laboratórios com equipamentos modernizados de última geração, substituindo as sucatas existentes; que hajam salas com computadores interligados à internet, tanto para o ato de digitação quanto para o auxílio à pesquisa de cada curso existente;
* Inclusão em todos os cursos superiores da matéria Informática, um curso amplo e preparador, principalmente nos cursos de licenciatura;
* Disponibilização de um telecentro exclusivamente com software livre nos CUCAs;
* Site da UNE em Software Livre, colaborativo e em Copyleft.
* Softwares
de controle distribuídos por todo o Brasil para os diretores da UNE.
* Listas da UNE, utilizando softwares livres. A UNE deve montar seu servidor e manter a lista.
* Que a UNE defenda, utilize e divulgue licenças como COPY LEFT e CREATIVE COMMONS nas produções culturais em todas as áreas garantindo a liberdade ao acesso ao conhecimento para todos.
* Que a UNE organize um evento para debater a questão do conhecimento livre.
* Que a UNE utilize software livre na estrutura (sítio, sistemas, sites) expandindo essa cultura e se unindo aos que lutam pela liberdade do conhecimento e contra o monopólio imperial. Acentuando esta luta, a UNE deve expandir a defesa da liberdade de conhecimento, para com isso lutar contra a mercantilização do conhecimento; para isso devemos abolir o copyright de todos os materiais produzidos pela UNE , para que os mesmos estejam abertos para o uso democrático e livre pelos estudantes e pela sociedade em geral.

CONEB:

* Os delegados ao 49º Congresso da UNE convocam, de modo extraordinário, a realização de um Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) para o 1º semestre de 2006, com a finalidade de debater critérios, proporções e formas de eleição dos delegados ao Congresso da UNE, que só poderão ser aprovadas com o voto de pelo menos 3/5 dos delegados presentes ao CONEB; para garantir a legitimidade das resoluções deste CONEB a UNE deverá assegurar a publicação e discussão de todas as posições sobre o tema por todos os meios e com atuação comum com as entidades de base e DCEs.

Tese ao 49º Congresso da UNE (2005)

Apresentação

Esta é a tese do movimento A HORA É ESSA! OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER! ao 49º Congresso da União Nacional dos Estudantes. Nossa tese é fruto da experiência adquirida nas lutas cotidianas do movimento estudantil.

Assinam esta tese, militantes da União da Juventude Comunista (UJC) e estudantes, que mesmo sem nenhum vínculo orgânico, concordam e contribuem com as nossas propostas e práticas.

As formulações aqui presentes estão pautadas pela análise dialética da sociedade e dos papéis da educação e do movimento estudantil na Luta de Classes.


Aqui estão expressos muitos dos nossos princípios para traçarmos nossos objetivos com luta, proposição política e clareza ideológica, para apontarmos o único caminho capaz de superar as contradições aqui detectadas: a revolução socialista!


POR PAZ E SOLIDARIEDADE ENTRE OS POVOS. LUTEMOS CONTRA O IMPERIALISMO!


O estabelecimento nas últimas décadas de novos parâmetros produtivos, possibilitou o aumento e a intensificação da exploração burguesa sobre os trabalhadores em todo o mundo.

Esses novos parâmetros produzem uma considerável redução da força de trabalho empregada, aumentando o desemprego (principalmente no setor produtivo) e dificultando ainda mais a organização do operariado, visto o refluxo do movimento sindical e do movimento popular em geral.


A hegemonia (ideológica, política e econômica) que o atual sistema possui não impede que tal modelo apresente um ciclo de crises. Pois é contínua e crescente a concentração de capitais.


Um dos motivos do atual ciclo de crises é o deslocamento da lógica de funcionamento do capital da esfera produtiva para a especulativa, criando assim recessão e desemprego. Aumentam as dificuldades para o escoamento da produção capitalista, pondo em xeque a reprodução do capital por parcelas crescentes da burguesia globalizada.


Apesar desses elementos não podemos esquecer, nem subestimar, a elasticidade do capitalismo e sua capacidade de recuperar-se de crises. A derrota do capitalismo não é uma simples inevitabilidade histórica, mas uma grandiosa tarefa que nos cabe.


O atual quadro internacional resulta dos elementos anteriormente expostos, pautado pela radicalização do imperialismo e pelo aumento da competição, cada vez mais predatória, por controle de mercados, onde se busca eliminar qualquer tipo de resistência aos preceitos do “mercado”.


É nesse contexto que está inserido o crescimento das agressões imperialistas, visando o domínio de mercados, o acesso a matérias-primas e o controle de territórios estratégicos.


Como exemplos, podemos citar as ações no Afeganistão (2001) e no Iraque (2002). Nesses casos as forças invasoras, além da violência contra os povos, promoveram o fim da soberania desses países, ditando as orientações políticas e econômicas. Também difundem bases militares permanentes(dos EUA e da OTAN), para garantir o controle sobre essas regiões.


Ainda no Oriente Médio, o Estado de Israel é a ponta-de-lança de tal política. Cada vez mais é inegável a necessidade da formação de um Estado Palestino livre e soberano, que garanta a autodeterminação do povo palestino e sua independência econômica.


Aumenta a necessidade do desenvolvimento de campanhas antiimperialistas pelo mundo, fortalecendo a solidariedade internacionalista com afegãos, iraquianos e palestinos.


Mesmo sofrendo uma forte pressão por aberturas maiores do seu mercado interno, a China possui um importante papel na atual conjuntura, como contraponto à unilateralidade dos EUA. Esse papel já pode ser verificado com o crescimento da influência chinesa no sudeste asiático. Sem dúvidas, o crescimento da propriedade privada dos meios de produção (ainda que sob forte controle estatal) é preocupante, pois o chamado “socialismo de mercado” não fornece condições para afirmarmos se é um caminho original para a superação dos elevados déficits sociais e de infra-estrutura, ou se é um lento caminho para a restauração capitalista.


Contudo, a principal referência política e ideológica para comunistas e demais revolucionários no mundo continua a ser Cuba. Pois, a experiência cubana demonstra que o socialismo não é uma utopia, mas uma alternativa real ao capitalismo. Por isso Cuba continua na mira do imperialismo, em especial na mira dos EUA, que recentemente aumentou as medidas econômicas restritivas e promove uma cruzada anticomunista, buscando pretextos, como uma condenação da Comissão de Direitos Humanos da ONU, para efetivar ações mais severas. Mas Cuba não está só e seu lema é cada vez mais atual: Socialismo ou Morte!


Com o esgotamento do neoliberalismo na América Latina, surge no continente a perspectiva do desenvolvimento de lutas anticapitalistas. Isto se deve a elevada exploração da região e a busca de alternativas às profundas crises existentes em diversos países.


A construção de uma alternativa latino-americana passa, necessariamente, pela unidade dos povos da região no combate ao projeto da ALCA, defendendo as soberanias nacionais e buscando formas de integração que estejam pautadas na solidariedade e na cooperação, em vez da anexação econômica e da liberalização dos mercados.


A busca por alternativas no nosso continente assume diferentes formas de expressão política. Há desde o avanço institucional, como a recente vitória da esquerda Uruguaia nas eleições presidenciais e o significativo crescimento eleitoral dos comunistas no Chile; o desenvolvimento de amplas lutas de massas, como as empreendidas na Bolívia pela preservação dos seus recursos naturais; até o acirramento dos conflitos armados entre a guerrilha colombiana e o exército da Colômbia made in USA.


Especial destaque merece a Revolução Bolivariana. Aliando os instrumentos constitucionais com uma intensa mobilização popular, promove iniciativas como as “Missões” e uma ampla reforma agrária. O governo Chávez saiu fortalecido do plebiscito revogatório (agosto de 2004) e das eleições municipais de novembro, mesmo enfrentando uma forte oposição das classes dominantes, que conta com apoio aberto do governo norte-americano. Nesse movimento vem ocorrendo uma evolução qualitativa dos seus objetivos, partindo de uma postura anti-neoliberal, a Revolução Bolivariana já compreende que não há meio termo no conflito capital e trabalho.


Na esfera internacional, a Venezuela se consolida como maior aliada de Cuba, com cooperação em várias áreas (energia, educação e saúde, por exemplo). Porém, a principal aliança ocorre no combate a ALCA, a partir da defesa da Alternativa Bolivariana das Américas (ALBA).


A VITÓRIA DO NEOLIBERALISMO NO BRASIL


A eleição de Lula, em 2002, gerou uma grande expectativa na esquerda brasileira e despertou a atenção internacional para quais seriam os rumos a serem seguidos pelo Brasil. Em síntese, todos queriam saber se o novo Governo confrontaria ou assimilaria o neoliberalismo.


Depois de dois anos e meio da posse, observamos que o Governo Lula (com as limitações políticas que já antevíamos), não possibilitou a liberação de energias nos movimentos sociais para impulsionar a luta contra-hegemônica no Brasil.


A opção de assimilação do neoliberalismo começou a ficar clara no processo de debate sobre a Reforma da Previdência. A partir de então, houve uma sucessão de medidas que contrariam diversas bandeiras históricas da esquerda, como a Lei das Parcerias Público-Privadas e a realização de mais um leilão de novas áreas de exploração de petróleo e gás natural promovido pela ANP.


O próximo combate entre trabalhadores e governo é referente a proposta da Reforma Sindical. Entendemos que o governo deveria apresentar primeiro uma proposta de reforma Trabalhista, com a finalidade de garantir os reajustes salariais e a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, por exemplo.


Entretanto, esta reforma possui o objetivo de flexibilizar os direitos trabalhistas, pois ela não está limitada a regulamentação da estrutura sindical, mas também promove mudanças na legislação trabalhista. Com as mudanças programadas na Reforma Sindical, a Reforma Trabalhista pode ser desnecessária, uma vez que será possível flexibilizar (rebaixar) os direitos dos trabalhadores, através da prevalência do negociado sobre o legislado, sem o governo precisar defender a redução de direitos publicamente. Bastará a “livre negociação” entre capital e trabalho para isso ocorrer.


Infelizmente, nem o anúncio, realizado em março, de que o governo não renovará o acordo com o FMI nos faz acreditar na possibilidade de mudança nos rumos do governo. Pois, a não renovação do acordo não significa uma ruptura com o Fundo, nem sequer com os seus preceitos macroeconômicos.


A política econômica, mesmo sem o acordo, continua pautada pelo ajuste fiscal, pelas elevadas metas de superávit primário, pelas altas taxas de juros, pela política de metas inflacionárias, pela liberdade para os fluxos de capitais e por uma autonomia, que não é legal, mas é efetiva do Banco Central. Assim, o que temos é uma política econômica que privilegia o sistema financeiro em detrimento do crescimento econômico e da distribuição de renda.


Com tais orientações ortodoxas, a prática do contingenciamento de recursos tem sido recorrente. Dessa maneira, o governo mantém em dia o pagamento dos juros da dívida externa, enquanto demandas históricas, como a reforma agrária, continuam estagnadas.


A política externa, no primeiro ano do governo, era considerada como positiva por toda esquerda. Fatos como o apoio ao governo venezuelano, balizaram tal avaliação. Porém, esperávamos uma postura mais clara de um governo oriundo da esquerda na relação com Cuba, por exemplo.


Além disso, a decisão de liderar a ocupação do Haiti demonstra que nessa área o principal objetivo do governo não é a construção de relações internacionais pautadas pela defesa da paz, das soberanias nacionais e da autodeterminação dos povos. A política externa brasileira tem buscado uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, mesmo que para tal objetivo seja necessário ser uma linha auxiliar do imperialismo. Isso sem comentar o posicionamento ambíguo sobre a ALCA.


Internamente, o governo Lula deu continuidade a prática da construção de uma maioria parlamentar que possibilitasse a “governabilidade”, ou seja, permaneceu apostando no fisiologismo para ganhar as votações no Congresso, construindo uma base de apoio sem eixos programáticos.


Enquanto isso, o governo buscou promover uma ampla cooptação dos movimentos sociais, pedindo paciência e colaboração. Em contrapartida, o governo oferece “maior diálogo” com os movimentos, mas que na prática nada adianta, pois não basta escutar as reivindicações e realizar declarações genéricas, sem assumir compromissos claros com o movimento popular.


Todavia, os equívocos desse governo não apagam nossas responsabilidades e incapacidades. Pois, enquanto a direita demonstrava seus objetivos e utilizava seus instrumentos para obtê-los, a esquerda não realizou essa disputa, demonstrando não possuir condições para pautar a conjuntura nacional.


Certamente, a fragmentação da esquerda foi um forte elemento para o não coesionamento dos movimentos sociais em torno de determinadas bandeiras. Devemos aprender como lição que, enquanto perdurar a atual dispersão política entre aqueles que lutam pela superação revolucionária do capitalismo (em grande medida devido à divergências surgidas durante o regime militar), não haverá condições de disputar com a social-democracia a hegemonia dos movimentos sociais, nem maneiras de apresentar o socialismo como alternativa para o Brasil.


Bandeiras

- Não a Guerra Imperialista! Contra as intervenções no Afeganistão e no Iraque.
- Defesa da autodeterminação dos povos.
- Pela criação do Estado Palestino livre e soberano.
- Contra o bloqueio econômico dos EUA a Cuba.
- Apoio ao povo, ao governo e à Revolução Cubana.
- Não a ALCA!
- Solidariedade à luta das FARC-EP! Não ao Plano Patriota!
- Apoio ao governo Chávez e à Revolução Bolivariana!
- Não pagamento da dívida externa. Fora FMI!
- Reforma Agrária, já!
- Contra a Reforma Sindical proposta pelo governo!
- Saída da UNE do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
- Independência de fato frente ao Governo. Retirada do apoio da UNE ao Governo Lula.

Reforma Universitária


Em janeiro de 2004, Tarso Genro assumiu o MEC no lugar de Cristóvam Buarque. Uma das tarefas principais colocadas para o novo ministro era tirar do papel a Reforma Universitária.


A Reforma foi apresentada, e já está sendo implementada, de forma fatiada. Esse método não possibilita a realização do debate central, que deveria orientar uma proposta de Reforma Universitária. Compreendemos que o primeiro passo a ser dado deveria ter sido a discussão sobre Universidade, qual papel que ela possui (e deve possuir) na realização das transformações da sociedade.


Além do Anteprojeto de Lei, a Reforma Universitária é constituída ainda pelo Programa Universidade Para Todos (Prouni), pela MP das Cotas, pela reformulação das regras do Financiamento Estudantil (FIES) e pela criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Além dessas medidas diretamente relacionadas ao ensino superior, ainda temos a Lei de Inovação Tecnológica (LIT) e a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPP).


Essa reforma está inserida no contexto das demais reformas do Estado (Previdenciária, Sindical e Trabalhista) promovidas pelo atual governo. Sem dúvidas há coerência entre elas, com o apontamento para a redução de direitos e o favorecimento do mercado.


Na essência, o Anteprojeto da Lei Orgânica do Ensino Superior é ruim. Há alguns pontos positivos no projeto, mas estes são insuficientes para justificar sua defesa. Seu eixo central dá continuidade a atual estrutura do ensino superior (hoje 83% das vagas estão na rede privada), promovendo sua expansão principalmente através do ensino privado.


Um dos principais pontos para o movimento estudantil nessa discussão é a Assistência Estudantil. No anteprojeto não está clara a compreensão que o MEC possui sobre isso. Para nós, Assistência Estudantil é um conjunto de medidas associadas, que visam oferecer condições para a permanência dos estudantes durante a realização do curso, combatendo o elitismo que ainda permanece em vários cursos e universidades públicas. Para tal deve compreender diferentes formas de assistência, como bolsas de diversas modalidades (assistencial, pesquisa e extensão), moradia, restaurante universitário, transporte, creche e assistência médico-odontológica.


Dessa forma é inaceitável a proposta de financiá-la através de uma loteria, podendo a verba oscilar de acordo com o arrecadado pelas casas lotéricas. Propomos que os recursos necessários voltem a estar no Orçamento da União, garantindo de maneira clara, o montante existente e destinado para uma efetiva democratização do ensino superior público.


Outro ponto essencial é o financiamento das universidades. Segundo o artigo 212 da Constituição Federal, 18% das receitas da União deve ser aplicado em educação. O anteprojeto busca garantir 75% desses recursos para as Instituições Públicas. Porém os 25% restantes, o Prouni e o FIES significam uma expressiva injeção direta de recursos públicos no ensino privado, além desses mecanismos a Lei de Inovação Tecnológica (LIT) faz o mesmo de forma indireta. O movimento estudantil não deve renunciar da luta por verba pública somente para a Universidade Pública!, freando o financiamento público da expansão privada.


Atualmente, as vagas existentes não ocupadas na rede privada, atingem a 37% (mais de 500 mil vagas) do total. O Programa Universidade para Todos (Prouni) surgiu como estatização de 300 mil vagas ociosas. Após muitas reclamações das Instituições Privadas, que atravessam grave crise financeira, resultado da baixa ocupação e da alta inadimplência entre os matriculados (quase um terço dos estudantes do ensino privado são inadimplentes) o Prouni virou um programa de socorro ao ensino privado, comprando 120 mil vagas através de renúncia fiscal.


A chamada “reação conservadora” é a oposição das empresas de educação à regulamentação do ensino privado. A proposta de regulamentação é um item bastante positivo, pois aponta para o combate a mercantilização do ensino. Porém avaliamos que será difícil sua permanência, visto o trabalho que o forte lobby do ensino privado vem realizando para barrar a regulamentação no Congresso Nacional.


Dada a forma que vem ocorrendo a formulação e a aplicação da reforma, esta não encontra respaldo dos movimentos ligados a educação. Isto limita a capacidade de pressão por mudanças importantes, como a regulamentação, enquanto a correlação de forças no Congresso é amplamente favorável aos interesses do mercado.


Há ainda o plano de expansão de vagas das Instituições Federais. Este plano prevê a duplicação da oferta, até 2007, atingindo 1,2 milhão vagas. Mas das 600 mil novas vagas a serem criadas, 500 mil seriam de cursos à distância e apenas 100 mil de cursos presenciais. Enquanto isso, os recursos destinados ao Prouni, através de renúncia fiscal (Imposto de Renda, Contibuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL – , Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social – Cofins – e Programa de Integração Social - PIS), estimado em 1 bilhão de Reais, segundo a ANDIFES, seriam suficientes para dobrar o atual número de vagas nas IFES imediatamente. Outro problema dessa expansão é que ela não está vinculada a uma política de permanência (assistência estudantil) nas Unversidades.


Sobre a autonomia universitária, o anteprojeto avança na gestão das universidades, mas retrocede na captação de recursos. Ele prevê liberdade para as Instituições Públicas se lançarem ao mercado para complementar os orçamentos universitários, dividindo com a iniciativa privada a responsabilidade estatal d prover o ensino público em todas as esferas.


No referente à democracia interna nas Universidades, há um avanço na proposta de acabar com as listas tríplices, mas não está previsto um avanço significativo nas eleições diretas e nas composições dos conselhos superiores, pois não teremos sequer composições paritárias nesses espaços.


Criticamos a condução da UNE desse debate no movimento estudantil e no papel de entidade representativa dos estudantes universitários. A UNE optou pela ”disputa” do anteprojeto nos gabinetes e não nas ruas, através de mobilizações e campanhas de esclarecimento. Na nossa opinião, dada a importância desse tema, a contribuição oficial da UNE deveria ter sido debatida e aprovada num Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) e não nas reuniões da Diretoria da entidade e nos 53º e 54º CONEG`s (Conselho Nacional de Entidades Gerais), realizados em agosto de 2004 e março de 2005 respectivamente.


A nossa oposição é ao anteprojeto e às demais medidas apresentadas pelo MEC. Compreendemos ser necessária a realização de uma reforma que altere as atuais estruturas universitárias. Os setores que se opõem a essa reforma deveriam apresentar uma contra-proposta concreta, colocando em evidência o aspecto negativo do anteprojeto. Mais uma vez, o movimento estudantil realizou uma oposição defensiva, reativa e não propositiva, limitando sua capacidade de mobilização, argumentação e convencimento.


Precisamos abolir a concepção de Universidade enclausurada e auto-referenciada, para ser um instrumento voltado para as necessidades da maioria da população. Defendemos um ensino de fato público, rompendo com a lógica mercantilista e construindo, nas lutas, uma instituição pertencente à maioria da população, a classe trabalhadora. Defendemos uma Universidade Popular, laica e crítica!


O ENGODO DAS COTAS


Não podemos supor que a reserva de vagas nas universidades públicas, para alunos da rede pública e/ou afro-descendentes, contribui com a democratização da universidade. Se o faz é parcialmente, de maneira paliativa, uma cortina de fumaça que causa mais malefícios do que benefícios, preocupando-se com a democratização do ápice e não a do ensino básico.


O sistema de cotas é um instrumento focalizado, que o Anteprojeto da Reforma Universitária utiliza para transmitir uma idéia de “democratização” do ensino superior, o que na verdade é um grande engodo.


Esse sistema, em geral, serve para desviar o foco da principal divisão existente na sociedade burguesa. A luta contra “opressões específicas”, muitas vezes, superestima contradições secundárias e colocam em lados opostos aqueles que deveriam, juntos, buscar o fim da exploração do homem pelo homem.


Bandeiras:

- Por uma Universidade Popular, laica e crítica!
- Contra o reforma universitária do governo!
- Investimento de 18% das receitas da união em educação. Pelo cumprimento do artigo 212 da Constituição.
- Pela desvinculação do pagamento de aposentados, pensionistas e precatórios das despesas universitárias.
- Fim das Fundações Privadas.
- Defesa da autonomia administrativa, didático-científica e de gestão financeira. Garantindo a auto-aplicabilidade do artigo 207 da Constituição Federal.
- Voto universal para dirigentes universitários.
- Por políticas sólidas de Assistência Estudantil que garantam a manutenção do estudante na universidade.
- Ampliação dos cursos noturnos, com as condições adequadas para funcionamento.
- Verba pública somente para Universidade Pública.
- Pelo fim do FIES. Por mais bolsas de ensino, geradas com a renda do próprio estabelecimento de ensino.
- Defesa dos estudantes inadimplentes.
- Redução das mensalidades, já!
- Defesa da participação dos estudantes da rede privada nos Órgãos Colegiados, e da comunidade acadêmica em processos eletivos para os órgãos dirigentes.
- Não a inclusão da educação como serviço nos acordos comerciais. Contra a mercantilização do ensino!

Movimento Estudantil


O movimento estudantil (ME) brasileiro, como o conjunto dos movimentos sociais no país, exceção feita ao MST, atravessa grande refluxo. Fruto da enorme ofensiva e hegemonia ideológica do capital, do esvaziamento de ações coletivas e da postura defensiva e reativa em que o movimento se pôs.


Durante os dois primeiros anos do governo Lula a UNE (e o conjunto do movimento estudantil) ficou praticamente em “estado de espera”, abdicando de sua autonomia para ser um porta-voz do governo no ensino superior. A entidade não efetivou mobilizações significativas e priorizou as conversas nos gabinetes. As divergências entre o setor hegemônico do movimento (UJS) e o governo são pontuais e não possuem profundidade.


Temos diversas críticas à corrente majoritária da UNE (UJS/PCdoB), e fazemos sem imputar-lhes toda a responsabilidade pelas crises do ME. O principal equívoco da UJS é sua sistemática ação de rebaixamento da discussão política. Em inúmeros fóruns do movimento percebemos a negativa desta corrente em aprofundar os debates sobre conjuntura e acerca da necessidade de intensificação da disputa ideológica contra a direita.


Outro revés que a UJS/PCdoB impõe às lutas do ME é o seu arco de alianças, com a incorporação de várias organizações de direita (PTB, PMDB e PFL), comprometendo o histórico caráter de lutas da UNE e do movimento estudantil.


Torna-se fundamental que as correntes de esquerda, atuantes no ME elevem e qualifiquem o debate em suas ações. Deve-se perceber que o papel das entidades estudantis é de catalisar as ações do M.E., fornecer estrutura para as lutas do cotidiano, as manifestações de massa e contribuir para a formação política dos estudantes.


Algumas correntes de esquerda, até então de oposição ao PCdoB, passam por um período de redefinição de sua política, deixando ser levadas pelos compromissos com o governo, e atualmente realizam um lamentável papel de fiadoras da política reboquista e de atrelamento dos movimentos sociais com o governo federal. Em troca, buscam garantir seus cargos na futura diretoria da UNE.


O movimento estudantil deve primar pela unidade e unicidade. Cada vez mais a conjuntura política geral nos impõe a união de forças para o combate aos nossos inimigos comuns. Assim, as forças do campo de esquerda ainda que pesem as divergências entre si, devem trabalhar pela manutenção estratégica e unitária de suas entidades representativas do movimento popular como a UNE, CUT, DCE´s, sindicatos,etc.


A convocação de um Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB), fórum que não é realizado desde novembro de 1998, torna-se fundamental. Este fórum deverá ser um propulsor do debate das principais questões candentes do movimento, com destaque para a defesa da unidade do ME brasileiro e da unicidade representativa dos estudantes.


Diante dos equívocos do campo dirigente, aumentaram os argumentos para a autopromoção da ultra-esquerda, que busca promover uma cisão com a UNE (CONLUTE -Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes). Possuímos a opinião de que não é viável construir uma outra entidade estudantil nacional, de massas, durante o atual período de refluxo no movimento. Não é pelo fato do discurso e as palavras de ordem serem mais radicalizadas, que a prática e o debate serão mais qualificados. A maior politização quando surge é apenas na forma e não no conteúdo. O que se esboça no CONLUTE é uma concepção vanguardista do ME, incapaz de impulsionar o movimento e descolada da realidade.


Precisamos avançar neste 49º CONUNE, reverter os rumos da entidade para que não continue subordinada ao governo, deixando de ser uma repartição governamental, o que vem aprofundando o esvaziamento da combatividade da UNE. Ao permitirmos a instrumentalização da UNE pelo governo, um importante ator das mobilizações políticas brasileiras emperra suas reais possibilidades de obter avanços importantes para o movimento.


Nossa tarefa é romper os muros do ME. Organizar para construir com unidade e em sintonia com os demais movimentos sociais, o enfrentamento ao neoliberalismo, sem vacilações. Não perdemos nossa perspectiva revolucionária. Temos a perspectiva de construir os alicerces para uma sociedade justa e fraterna. Os alicerces para a sociedade socialista.


ELEIÇÕES CONGRESSUAIS


As eleições congressuais devem definir, com elevado nível de politização, o projeto a ser encaminhado e a Diretoria responsável por sua implementação. Somos contra a eleição direta para a UNE. Tal forma de eleição despolitiza o movimento. È ilusório achar que eleições diretas garantem a democracia na entidade. O que garantira a democracia e a representatividade é o envolvimento da base nos fóruns do ME. Numa eleição direta, o poder econômico definiria o resultado, e não o debate aberto de idéias.


COTAS PARA A DIRETORIA DAS ENTIDADES


O sistema de cotas para mulheres no ME é uma tentativa hipócrita de reverter um pensamento machista amplamente difundido em nossa sociedade. Contudo esta medida acentua esse machismo, diminuindo qualitativamente a atuação de militantes mulheres. Ao estabelecer-se um número determinado de mulheres para compor uma diretoria prejudica-se o seu desenvolvimento político como também desconsidera sua atuação, deixando de lado qualquer potencial apresentado pelas militantes. Ao contrário do que é argumentado, não ocorre de forma nenhuma a democratização da participação da mulher no ME, incorrendo na delimitação dessa participação. Desse modo, o sistema de cotas reduz a mulher perante o homem, como militante, tendo sua participação considerada como concessão. Por isso, ao invés de nos perdermos em medidas falsamente democráticas, devemos encarar a mulher como um militante como qualquer outro. Afinal, ambos os militantes têm o mesmo potencial de desenvolvimento, desde que não tenhamos propostas que só agravam o sexismo no ME.


SEM FORMA REVOLUCIONÁRIA, NÃO HÁ ARTE REVOLUCIONÁRIA (Maiakovski)


A arte deve ser pensada considerando o seu caráter aglutinador e como forma de expressão de diversas idéias. Devemos trabalhar com as artes sem esquecer que elas também se inserem na disputa pela hegemonia política e cultural existente na universidade e na sociedade em geral. Assim, buscamos envolver essa produção nas lutas populares sem, no entanto, desenvolver uma prática utilitarista das artes e respeitando as mais diversas técnicas e expressões. Apoiamos a iniciativa dos CUCAs e propomos o resgate do legado dos CPCs da UNE dos anos 60, para a formulação de novas experiências neste terreno pouco desenvolvido pelo ME de hoje.


PROPORCIONALIDADE


Durante anos, temos defendido a majoritariedade, como forma de composição das diretorias das entidades do movimento estudantil. Essa defesa sempre baseou-se na compreensão de que as diretorias de entidades não deveriam tornar-se fóruns de discussões intermináveis, despotencializando dessa forma a aplicação do programa político escolhido pelos estudantes. O papel de fóruns privilegiados de discussão, em nossa visão cabe aos conselhos de entidade, assembléias, congressos, etc. No entanto, estabelecer essa mesma visão para entidades nacionais, como a UNE, é por demais artificial, uma vez que mesmo a diretoria mais comprometida com a democracia interna do movimento não conseguiria gerar fóruns nacionais em um país como o nosso num volume que contemplasse a preocupação acima exposta. Até porque uma entidade nacional não tem como estar presente no cotidiano dos estudantes como um CA, DA ou DCE; embora precisemos avançar no sentido de termos uma UNE mais reconhecida no dia-a-dia dos estudantes. Por isso, pensamos que a defesa da proporcionalidade se faz necessária na UNE, como condição de defesa da democracia nas discussões do movimento. Porém, não admitiremos que correntes utilizem a proporcionalidade como pretexto para posturas divisionistas, descomprometidas com a construção da entidade, etc.


Bandeiras

- Independência crítica e autonomia da UNE com relação ao Governo Lula;
- Eleições congressuais para a UNE;
- Proporcionalidade para Diretoria da UNE;
- Presidencialismo para entidades proporcionais;
- Defendemos que os CONEG´s da UNE tenham periodicidade semestral e que os seus CONEB´s tenham periodicidade bienal;
- Contra quaisquer cotas em diretorias de entidades do ME;
- Mandato de 2 (dois) anos para a diretoria da UNE;
- Defesa da unicidade de representação das entidades estudantis;
- Apoio às executivas e federações de cursos, com debates universais, não corporativistas e com respeito à unicidade de representação da UNE;
- Real envolvimento do M.E. em projetos de extensão universitária;
- Construção da unidade entre os três segmentos: aluno, professor e técnicos administrativos, para as lutas comuns; - Envolvimento do Movimento Estudantil na assistência estudantil, apontando que este é um dever do Estado e deve ser aplicado ao grande número de estudantes brasileiros;
- Que o movimento estudantil desenvolva um amplo movimento contra a cobrança de qualquer taxa nas universidades públicas e que o ensino seja efetivamente gratuito;
- Que as bienais da UNE funcione como um espaço de politização e discussão da cultura;

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Movimentos sociais e a Reforma Universitária

Durante os 3 anos de debate sobre a Reforma Universitária, os movimentos sociais de educação posicionaram-se sobre o tema. Segue abaixo os documentos divulgados pelas entidades ligadas à educação.

ANDES-SN:

A Contra-reforma da Educação Superior (ago/04) doc
Análise do GTPE do Anteprojeto de Lei da Educação Superior do MEC(dez/04) doc
Análise das versões do anteprojeto de lei doc

ANDIFES:

Propostas de emendas (mar/05) doc

FASUBRA:

Análise do anteprojeto de lei doc
Projeto Universidade Cidadã para os trabalhadores doc

MEC: documentos da Reforma Universitária

Com a realização do seminário "Universidade no séc. XXI: Por que e como reformar?" (agosto de 2003), o MEC dá início ao debate da Reforma no Ensino Superior. Em agosto de 2004, o ministério, já sob o comando de Tarso Genro, avança mais na questão com a publicação do documento "Reafirmando princípios e consolidando diretrizes".

A Reforma constitui numa série de medidas e programas buscam "reformar" as estruturas da universidade brasileira. Na verdade, essas iniciativas do MEC apenas regulamentam a estrutura herdada da era FHC e aprofundam o processo de privatização da universidade no país.

Segue abaixo os principais documentos da Reforma:

- Reafirmando princípios e consolidando diretrizes (ago/04) doc

- PROUNI (set/04 e jan/05) doc doc2

- SINAES (abril/04) doc doc2

- ENADE (abril/04) doc

- PPP’s (Parcerias público-privadas) doc

- Lei das fundações privadas doc

- Lei de Inovações Tecnológicas (LIT) doc

- 1º versão do Anteprojeto de lei da Educação Superior (dez/04) doc

- 2º versão do Anteprojeto de lei da Educação Superior (maio/05) doc

- 3º versão do Anteprojeto de lei da Educação Superior (jul/05) doc

- 4º versão do Anteprojeto de lei da Educação Superior (jun/06) – Projeto de lei 7.200/06 doc

- Ensino à Distância (dez/05) doc

PNE: Proposta da sociedade brasileira

Durante o II CONED (Congresso Nacional de Educação), realizado em novembro de 1997, na cidade de Belo horizonte, foi aprovado o PNE (Plano Nacional de Educação). Confeccionado por diversas organizações da sociedade civil, como o ANDES e a UNE, o plano é

"um documento-referência que contempla dimensões e problemas sociais, culturais, políticos e educacionais brasileiros, embasado nas lutas e proposições daqueles que defendem uma sociedade mais justa e igualitária e, por decorrência, uma educação pública, gratuita, democrática, laica e de qualidade, para todos, em todos os níveis. Assim, princípios, diretrizes, prioridades, metas e estratégias de ação contidas neste Plano consideram tanto as questões estruturais como as conjunturais, definindo objetivos de longo, médio e curto prazos a serem assumidos pelo conjunto da
sociedade enquanto referenciais claros de atuação"

Veja aqui o documento na íntegra