quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Caravana em Defesa do Rio São Francisco e do Semi-Árido Contra a Transposição

O DCE da UFRPE, em conjunto com DA's e sindicatos, organizou a Caravana em Defesa do Rio São Francisco e do Semi-Árido Contra a Transposição em Recife no dia 28 de agosto para discutir as irregularidades do projeto de transposição do Velho Chico e apresentar alternativas que possam levar água à população do Semi-Árido.

O primeiro encontro foi na Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde uma platéia de 180 pessoas ouviu atentamente a opinião dos membros da Caravana, logo em seguida partiu-se para

o encontro com o reitor da UFRPE e também para uma entrevista no programa Sopa Diário da TV Universitária e à tarde teve a audiência com o Prefeito da Cidade do Recife, no caso estava assumindo o vice Luciano Siqueira. Recife é a nona de treze cidades que a Caravana está percorrendo. A primeira foi Belo Horizonte, no dia 19 de agosto.

Enquanto 70% da água será destinada aos grandes projetos de irrigação, apenas 4% será para o abastecimento humano. O Governo Federal se contradiz ao levar adiante a transposição já que a Agência Nacional das Águas (ANA), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), apresentou, recentemente, o Atlas Nordeste, um estudo que aponta alternativas de abastecimento de água para os municípios urbanos com população acima de cinco mil habitantes a partir de mananciais de água já existentes e com o recurso duas vezes menor que o da transposição, orçada em R$6,6 bilhões.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Estudantes e movimentos populares foram às ruas em defesa da educação pública

Atividades da Jornada reuniram milhares de estudantes em vários estados

Entre os dias 20 e 24 de agosto, ocorreu em diversos estados do Brasil a Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública. Organizada por várias entidades como a UNE, a UBES, a Conlute, a Intersindical, o ANDES-SN e outros movimentos como o MST, a CPT, o Círculo Palmarino e o MAB, a Jornada realizou atos, debates e ocupações em várias cidades.

A pauta da Jornada teve 18 pontos (veja aqui) e entre eles a erradicação do analfabetismo e o fim do vestibular. Estavam na pauta, também, a luta por ampliação do investimento na educação pública; a defesa de uma formação universitária baseada no ensino, pesquisa e extensão e contra a mercantilização da educação e da produção do conhecimento; e a gestão democrática, com participação paritária de estudantes, técnico-administrativos e docentes em todos os níveis de decisão das instituições e sistemas de ensino.

Alexandre Silva (Cherno), diretor de Políticas Educacionais da UNE e militante da UJC, avalia que a Jornada foi um sucesso, com atividades numerosas que mobilizaram todos os setores do movimento estudantil em conjunto com o MST. E completou afirmando que “a Jornada abre um novo momento para o estudantes onde a unidade do movimento será fundamental para travarmos uma disputa contra hegemônica na educação e construirmos uma nova universidade brasileira”.

A UJC participou ativamente da organização da Jornada em diversos estados. Túlio, secretário-geral da UJC e detido na ocupação em Minas, faz uma avaliação positiva da Jornada e afirma que o debate de educação deve vir acompanhado pela discussão da Universidade Popular. “Uma universidade que tenha como princípio o ensino crítico, rompendo com o modelo pedagógico atual, colocando a educação como instrumento de emancipação das classes dominadas”.

Foto: UNE

Jornada de Luta em São Paulo

Estudantes protestam contra a ação violenta da PM paulista


Faixas na faculdade de Direito da USP denunciam diretor instituição

A Jornada em São Paulo teve início na segunda (20/08) com um debate na USP que reuniu centenas de estudantes. Na mesa estavam entidades e movimentos como a UNE, a CONLUTE, o ANDES, a APEOESP, e o MST e que debateram os pontos da Jornada.

No dia 21, cerca 500 estudantes ocuparam a Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, e realizaram diversas atividades políticas e culturais. O músico Tom Zé esteve presente no ato e se apresentou para os ocupantes. Porém, a ocupação pacífica e simbólica sofreu um duro golpe quando a tropa de choque da PM/SP de forma truculenta invadiu a faculdade e retirou os ocupantes de forma dura, entre eles crianças de colo, e os manteve sob controle do lado de fora da universidade onde passaram por um violento processo de revista, antes de serem detidos e fichados na delegacia.

Segundo Larissa Alves, estudante de Geografia da USP e militante da UJC, que estava na ocupação, "a Jornada de Lutas em Defesa da Educação Pública foi vitoriosa por unir o conjunto dos movimentos populares em torno de bandeiras consensuais que apontam para uma atuação conseqüente do movimento". E sobre a repressão policial, reitera: "sem dúvida o movimento popular desgastou ainda mais o governo Serra que mais uma vez respondeu com truculência uma ação simbólica que tinha como mote uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos e uma educação que atenda as necessidades da classe trabalhadora", fecha.

No dia seguinte foi realizado um ato na faculdade em repúdio a ação violenta da polícia militar de São Paulo. No dia 24, um grande ato encerrou a jornada em São Paulo, com uma participação qualificada da militância da UJC.


Fotos: UNE e CMI Brasil

Jornada de Luta em Minas Gerais

Renata Regina, diretora da UBES, no debate sobre acesso à educação

Estudantes e sem-terras na ocupação da UFMG

Na capital mineira, a Jornada iniciou no dia 20 com uma ocupação em frente a reitoria da UFMG. Os estudantes levantaram uma barraca de lona,que serviu de espaço para os debates que foram realizados em torno da pauta nacional.

Na quarta-feira, pela manhã, houve um grande ato que reuniu cerca de mil pessoas pelas ruas do centro de Belo Horizonte. A tarde cerca de 200 manifestantes ocuparam o 4º andar do prédio da Ferrovia Centro Atlântica, onde funciona um escritório da Cia. Vale do Rio Doce. A ocupação tinha o objetivo de chamar a atenção para a campanha “A Vale É Nossa”, e reivindicando uma coletiva de imprensa para deixar claro à sociedade, que aquela era uma ocupação pacífica, e justificada uma vez que a vale foi uma verdadeira doação ao capital privado. Atendendo um pedindo da Vale, que afirmou em nota que os manifestantes fizeram dois reféns, a PM invadiu o prédio e prendeu cerca de 130 pessoas.

Entre os detidos estavam, Túlio, Renata, Pedro e Jéssica, que são militantes da UJC. Na ocupação tinha crianças e mulheres que foram algemados e retirados do prédio à força. Todos os participantes da ocupação negaram que tivessem feitos reféns como afirmou a Vale. A ação violenta da PM mineira deixa claro o tipo de relação que o governo de Aécio Neves tem com os movimentos sociais no estado.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) divulgou uma nota, na sexta-feira, em solidariedade aos companheiros presos na ocupação e exigindo a libertação dos mesmos. No mesmo dia, os presos foram liberados, mas devem responder processo. Leia aqui a nota.

Na opinião de Renata Regina, diretora da UBES e militante da UJC, "a Jornada cumpriu seu papel, apresentando os 18 pontos da pauta nacional a toda à sociedade, e foi sem duvida, uma grande vitória dos movimentos sociais alcançarem a unidade entre entidades e organizações que atuavam isoladas desde 2003".

Leia mais:
Após pagamento de fiança, militantes são soltos em MG


Fotos: UJC/MG

sábado, 25 de agosto de 2007

Jornada de Luta em Pernambuco

Em Recife, o ato reuniu cerca de mil manifestantes na quarta-feira. O ato saiu da sede da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e foi até o Palácio das Princesas, onde os estudantes entregaram um documento com as reivindicações da jornada ao secretário especial de articulação social do governo estadual, Waldemar Borges. O DCE da UFRPE realizou diversas atividades políticas e culturais, lembrando o atual desmonte da universidade pública no país.

Na avaliação de Benoni, secretário político da UJC/PE, o ato foi muito importante, pois conseguiu unir todos os setores do movimento em torno de bandeiras comuns e mobilizou os estudantes para uma luta fundamental hoje, que é a defesa da educação pública.

Jornada de Luta no Rio de Janeiro

No dia 20/08, vários estudantes ocuparam o IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ) pela manhã e permaneceram no local até o final do dia. No pátio do instituto foi organizado um debate sobre acesso e financiamento da educação com os profs. Roberto Leher e Guiseppe Coco.


Na quarta, centenas de estudantes foram às ruas num grande ato no Centro da cidade. O ato seguiu em direção ao MEC, mas antes parou em frente à sede da Cia. Vale do Rio Doce, onde diversos partidos e juventudes convocaram os estudantes a participarem ativamente do Plebiscito Popular pela Reestatização da Vale.

Segundo Rafael, estudante do CEFET e militante da UJC, a ocupação seguida do ato foi bastante positiva, pois os espaços serviram de formação e de mobilização para o movimento estudantil na luta contra o desmonte da educação pública.

Foto: Jornal Estado de São Paulo

Jornada de Luta em Goiás

Em Goiânia, os estudantes realizaram um ato no Conselho Universitário da UFG na quarta-feira. O ato reuniu dezenas de estudantes e militantes sem-terra e pautou os 18 pontos da jornada.

João Victor, coordenador do DCE UFG e militante da UJC, participou do ato e afirmou que “a jornada foi uma ótima oportunidade para o movimento estudantil pautar questões fundamentais na luta em defesa da educação pública”.

Jornada de Luta na Bahia



Ato reuniu três mil estudantes nas ruas da capital baiana

Em Salvador, no dia 22, ocorreu um ato que reuniu três mil estudantes. Os manifestantes partiram da Praça do Campo Grande e seguiram até a Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde houve uma ocupação.

Samuel Marques, diretor da ABES (Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas) e militante da UJC, afirmou que a Jornada demonstrou a necessidade de transformamos a educação no país.

Foto: UNE

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Nota do PCB em solidariedade aos presos em Minas

Toda a solidariedade aos companheiros presos no Ato contra a privatização da Vale do Rio Doce



Nesta quinta-feira, dia 22 de agosto, diversos movimentos sociais que participam da campanha pelo plebiscito nacional contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce realizaram um Ato de protesto no escritório regional da Vale em Belo Horizonte, Minas Gerais.

O ato tinha como propósito chamar a atenção da opinião pública sobre os dez anos de um dos maiores crimes de lesa-pátria já cometidos na história da República, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso promoveu a privatização de uma das empresas mais rentáveis do mundo, uma empresa estratégica para o desenvolvimento nacional, sem qualquer consulta popular e, como se não bastasse, a um preço muito abaixo não apenas do valor de mercado da empresa e que não incluiu o valor das jazidas a serem exploradas (muito mais elevado).

Assim que se iniciou a manifestação, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar foi acionado e cercou o edifício onde se encontravam os manifestantes, em sua maioria estudantes secundaristas, mulheres e trabalhadores rurais. Mesmo esboçando a intenção de desocupar o prédio pacificamente, todos os manifestantes - cerca de 140 pessoas -, foram presos e encaminhados para o Departamento de Operações Especiais, situado no lugar onde, até o início dos anos 80, funcionava o DOPS.

Somente no final da noite foi liberada a maioria dos manifestantes (muitos deles estudantes, menores de idade). No entanto, cerca de sete manifestantes continuavam presos até o final da manhã de hoje, tendo sido indiciados pela polícia mineira.

A Vale do Rio Doce foi uma empresa constituída ao longo do tempo com o suor e o sacrifico dos trabalhadores brasileiros, que nela reconheciam um patrimônio nacional, um importante instrumento para a soberania e o progresso do país. A venda da Vale foi uma das maiores traições aos interesses do país e uma das maiores fraudes na história das privatizações que o neoliberalismo já promoveu no mundo.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) vem a público manifestar seu apoio à luta pela reestatização da Vale do Rio Doce. Estamos engajados, em todo o país, na construção do Plebiscito da Vale e organização do movimento social na luta contra as políticas neoliberais promovidas pelo Governo.

Exigimos a imediata soltura dos companheiros presos na manifestação em Belo Horizonte e o reconhecimento do Supremo Tribunal Federal pela nulidade do processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce.

VALE A PENA LUTAR!

A VALE É NOSSA!

Partido Comunista Brasileiro

Fonte: www.pcb.org.br

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

OCLAE comemora os seus 41 anos de vida e luta

Texto sobre os 41 anos da OCLAE.

“Em 41 anos de vida a OCLAE foi e continua sendo a porta-voz legítima dos anseios dos estudantes no continente, e quando outras ditaduras em diversos períodos ousaram tentar calar as entidades estudantis em seus respectivos países (Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Granada, Haiti, Nicarágua, entre outros), nossa organização internacional furava bloqueios e gritava para todo o mundo, de várias formas e por distintos expedientes, as atrocidades perpetradas contra os irmãos estudantes desses países”.

Ler o texto na íntegra aqui

sábado, 18 de agosto de 2007

Movimentos sociais se mobilizam em defesa da Educação Pública


JORNADA NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PUBLICA

20 a 24 de agosto

1) Pela erradicação do analfabetismo:

2) QUEREMOS ESTUDAR: garantia do acesso da classe trabalhadora a educação publica de qualidade e socialmente referenciada em todos os níveis. Fim do vestibular e dos processos excludentes de seleção para ingresso

3) Implementação de políticas de ações afirmativas capazes de reverter o processo histórico de exclusão, com gratuidade ativa e políticas de assistência estudantil para garantir a permanência.

4) Ampliação do investimento público da educação pública para no mínimo 7% do PIB.

5) Em defesa da expansão de vagas com garantia de qualidade e abertura de concursos para professores e técnico-administrativos e infra-estrutura adequada.

6) Autonomia das universidades frente às ingerências de governos e mantenedoras.

7) Em defesa de uma formação universitária baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão e contra a mercantilização da educação e da produção do conhecimento.

8) Por uma avaliação institucional de educação superior socialmente referenciada, com participação dos estudantes, profissionais da educação e movimentos sociais, sem caráter produtivista, meritocrático e punitivo.

9) Gestão democrática, com participação paritária de estudantes, técnico-administrativos e docentes em todos os níveis de decisão das instituições e sistemas de ensino.

10) Controle público do ensino privado em todos os níveis. Pelo padrão unitário de qualidade na educação. Pela redução das mensalidades e contra punição dos inadimplentes.

11) Garantia da livre organização sindical e estudantil, em especial, nas instituições privadas. Em defesa do direito a greve.

12) Por um sistema nacional de educação que impeça a fragmentação entre os diversos níveis e garanta a obrigatoriedade no ensino médio publico.

13) Contra a privatização do ensino público e dos hospitais universitários, seja por meio das fundações privadas seja pela aprovação do projeto de criação de fundações estatais.

14) Pela garantia dos direitos conquistados pelos professores e técnico-administrativos das instituições públicas, contra o Projeto de Lei Complementar – PLP 01.

15) Pelo Passe Livre Estudantil financiado pelo lucro das empresas de transportes.

16) Em defesa de um piso salarial nacional para os trabalhadores da educação calculado pelo DIEESE para a jornada de 20 horas.

17) Pela derrubada dos vetos ao PNE 2001. Pela construção coletiva do novo PNE da sociedade brasileira que atenda as reivindicações históricas da classe trabalhadora.

18) Pela imediata implantação da lei 10.639 em todos os níveis educacionais

Entidades que assinam este documento:

UNE, UBES, MST, CONLUTE, CONLUTAS, INTERSINDICAL, FASUBRA, FEAB, VIA CAMPESINA, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, ANDES, ENECOS, CIRCULO PALMARINO, MAB, CPT, PJR, MPA, MMC, GAVIOES DA FIEL, UJR, MOVIMENTO CORRENTEZA, UJC, UJS.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O Globo, a Revolução Cubana e o Pan


Ivan Pinheiro

Secretário-geral do PCB

"Acrescentam tais notícias que, nas cidades do interior (na área de Sierra Maestra), registraram-se vários atos de sabotagem, inclusive um atentando contra uma escola rural."

O Globo, 1º de agosto de 1957 (página 9 do Segundo Caderno, 01/08/07)
(sobre atividades da guerrilha em Cuba, comandada por Fidel Castro)

"-Ele (Fidel) já se aposentou. Quem manda agora é seu irmão – disse o sapateiro Eduardo Diaz."

O Globo. 2 de agosto de 2007 (página 32 do Caderno Economia, 02/08/07)
(sobre especulações a respeito de divergências entre Fidel e Raul Castro)

As organizações Globo comemoram 50 anos de luta sem tréguas contra a Revolução Cubana. Que coerência! A campanha sistemática começou antes mesmo da entrada vitoriosa dos guerrilheiros em Havana, em 1º de janeiro de 1959!

São 50 anos de manipulação. Você consegue imaginar Fidel Castro, Chê Guevara e Camilo Cienfuegos cometendo atentado contra uma escola rural e, mais tarde, entrando gloriosamente em Havana, recebidos com festa por onde passavam? Você acredita que algum repórter entrevistou o "sapateiro Eduardo Diaz", em Cuba?

Durante este tempo, Fidel já esteve para ser "derrubado" e a economia cubana "faliu" dezenas de vezes. Logo após a queda do Muro de Berlim e da União Soviética, a contagem regressiva do fim do "regime cubano" era acionada o tempo todo. O grande debate era quantos dias duraria a "ditadura de Fidel"!

Na cobertura dos Jogos Pan-Americanos não podia ser diferente. Pelo contrário, teria que ser pior. A doença de Fidel aumentou o ódio do imperialismo, ao qual "O Globo" serve, pois desmoralizou uma mentira repetida durante décadas: sem ele, o socialismo acabaria. Lembram-se das imagens no Jornal Nacional quando do afastamento de Fidel? Os exilados cubanos em Miami fazendo festa e os "analistas" anunciando a derradeira contagem regressiva.

Foi ridícula a cobertura do Pan pela imprensa brasileira, em especial a da Rede Globo. Só o indomável Fausto Wolff teve a coragem de denunciá-la, em sua coluna no JB. Não era uma cobertura do Pan, como espetáculo esportivo. Era a cobertura das vitórias do Brasil no Pan! Uma competição indisfarçável com os cubanos pelo segundo lugar nas medalhas.

Quem visse a Globo durante o dia, assistia, em flashes ao vivo, no meio da programação, todas as vitórias do Brasil. À noite, quando se exibia o quadro de medalhas, muitos de nós devíamos nos perguntar como Cuba continuava na frente do Brasil, se durante o dia não ganhava nada. Só se via cubano ganhando medalha quando o confronto era contra o Brasil e nossas chances eram boas. E não ouvíamos o hino nacional cubano! No caso dos venezuelanos, como seus esportes principais não coincidem com os do Brasil, simplesmente não os vimos ganhar medalhas. Alguém aí se lembra do uniforme venezuelano? E, no entanto, a Venezuela ganhou 69 medalhas, chegando na frente da Argentina, pela primeira vez na história dos Pans.

A cobertura histérica e "patrioteira" da Globo, no indefectível estilo Galvão Bueno e com os gritinhos de "Brasil!", empurrou a torcida brasileira para um comportamento patético contra os "inimigos". Vaiavam-se atletas estrangeiros até nos momentos em que o esportista precisava concentração, desequilibrando o mais importante dos fatores numa competição: a igualdade de condições.

Mas nada se comparou à mais grosseira das manipulações da Globo no Pan: a "debandada" da equipe cubana no sábado à noite. Com duas equipes ao vivo, uma na Vila do Pan e outra no aeroporto do Galeão, a reportagem mostrava os atletas voltando para Cuba, enquanto o repórter informava ao distinto público que toda a delegação estava indo embora, por ordem do governo, porque no dia seguinte haveria uma "defecção em massa".

Ali, a Globo queria ir às forras pela ousadia dos cubanos de chegarem na frente do Brasil. Aproveitando-se de um erro da delegação cubana (não ter deixado alguns atletas do vôlei para receber as medalhas de bronze) e da defecção de três atletas (numa delegação de 520) que aceitaram ser comprados como mercadoria, na esperança de ficarem ricos no exterior, a emissora mentiu descaradamente e acabou pautando toda a imprensa no dia seguinte.

O desmentido saiu nas últimas páginas dos jornais de segunda-feira, em espaço reduzido. Mas o estrago estava feito. A verdade -- do conhecimento prévio da ODEPA, do COI e do governo brasileiro -- era outra. Como fizeram todas as delegações estrangeiras, inclusive a norte-americana, os atletas estrangeiros chegavam e saiam em função do cronograma dos jogos, na medida que algumas modalidades acabavam e outras iniciavam. O vôo da "debandada dos cubanos", no sábado à noite, era o penúltimo da volta gradual da delegação cubana, que dispunha de um único avião fretado, da Cubana de Aviación.

Mas a mentira teve perna curta. No domingo de manhã, a direção da Globo soube que o vôo de sábado não era o último e que haviam ficado quase 200 membros da delegação cubana, para a cerimônia de encerramento. Com todo o aparato técnico e equipes já instalados no Maracanã, a Globo resolveu suspender a transmissão, pois seria impossível esconder, ao vivo, a garbosa delegação cubana desfilando em meio às outras, cena que só pudemos assistir porque a Bandeirantes transmitiu. Aliás, só neste canal conseguimos ver os muitos maratonistas cubanos que participaram da competição no domingo de manhã: a Globo os escondeu!

Quanto às defecções, exploradas de forma sensacionalista, fizeram-me lembrar os milhares de atletas brasileiros que atuam no exterior -- como praticamente todos os jogadores de nossas seleções de futebol e de vôlei – e que são vendidos, alguns a peso de ouro, até à sua revelia, como mercadorias, por seus proprietários (empresas, clubes e empresários). Hoje mesmo, informa-nos a Globo, um jovem jogador gaúcho, aos 17 anos, ainda civilmente menor, foi vendido para a Itália por R$56 milhões! Lembro-me também, o que é mais triste, dos milhares de brasileiros que fogem daqui para tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, com risco de vida, para lavar pratos ou entregar pizzas.

Como brasileiro, estou orgulhoso dos nossos atletas que ganharam medalhas, principalmente os que tiveram que lutar muito para vencer, num país capitalista, mesmo em esportes em que não é preciso ser rico, como iatismo ou hipismo. Quem de nós não encheu os olhos de lágrimas ao ver a fita de chegada da maratona ser rompida por um brasileiro de origem humilde? A primeira coisa que me veio à mente foi a certeza de que o Brasil tem tudo para ser o primeiro lugar em medalhas, inclusive olímpicas, quando tivermos aqui uma sociedade justa, democrática, fraterna, sem a exploração do homem pelo homem, como em Cuba, em que brancos, negros e mulatos, homens e mulheres, são rigorosamente iguais, em direitos e deveres.

Mas, cá entre nós, como internacionalista, estou muito orgulhoso com o primeiro lugar de Cuba neste Pan Americano, na frente dos Estados Unidos. Primeiro lugar? Alguém pode perguntar: mas não foi segundo? Não. O meu grande amigo Simões já fez as contas, irretorquíveis, baseadas no critério mais justo: a proporção de medalhas por cada milhão de habitantes.

Cuba, primeiro lugar disparado, ganhou neste Pan 11,25 medalhas por um milhão de habitantes. O Canadá, 4,15; a Venezuela, 2,65. E mais uma vitória do Brasil: com 0,89, chegamos na frente dos norte-americanos, que ficaram na lanterna, com 0,79!

Fonte: www.pcb.org.br

Leia também:

“A esquerda e a solidariedade às lutas na América Latina” (aqui)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Vídeos da campanha "A Vale é nossa!"

A campanha A Vale é Nossa, pela nulidade do leilão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), chega a um momento decisivo. Falta pouco mais de um mês para a primeira semana de setembro (1º a 7, podendo estender até o dia 9), data quando será realizado o Plebiscito Popular que irá debater com a população sobre o destino da segunda maior mineradora do mundo.

Neste momento, contamos com um dado importante. Uma pesquisa, encomendada pelo DEM (antigo PFL) - acreditem - revelou que 50,3% dos brasileiros estão a favor da retomada da Vale pelo governo brasileiro! Apenas 28,2% são contra a medida. E 21,5% disseram não saber responder. Sabemos que, juridicamente, de acordo com a Lei de Ação Popular, esta possibilidade existe, depende de uma atitude do Executivo.

O plebiscito popular sobre a Vale é a pauta unificadora de diferentes forças de esquerda, somadas a indivíduos, organizações e entidades das mais diversas que tem como pauta principal a defesa da soberania do Brasil. É a prioridade dos movimentos sociais no segundo semestre de 2007. Mais de 62 organizações, entidades e sindicatos aderiram à campanha. Agora, todos os estados do país possuem ao menos um comitê estadual, comitês locais, regionais e setoriais.

Fonte: www.avaleenossa.org.br


Vídeos da campanha:

Parte 1: http://br.youtube. com/watch? v=LM6oph1muCI

Parte 2: http://br.youtube. com/watch? v=qBEK1Wup0dw

Parte 3: http://br.youtube. com/watch? v=GfwlYZeVjF